"Putin não é certamente mais corajoso do que o Hamas ou qualquer outro terrorista. A linguagem da força e da justiça funcionará inevitavelmente também contra a Rússia. Já podemos ver que Moscovo está a apressar-se para retomar o diálogo assim que soube dos Tomahawk", afirmou Zelensky na rede social X.
O Kremlin indicou hoje estar a preparar um novo encontro entre Putin e Trump, informação também avançada pelo Presidente norte-americano após uma conversa telefónica de "quase duas horas e meia" entre ambos, iniciada por Moscovo.
Mais tarde, Trump afirmou que espera encontrar-se com Putin nas próximas duas semanas.
O Presidente norte-americano tem sugerido abertura a fornecer a Kyiv mísseis Tomahawk, de longo alcance e elevada eficácia, por forma a pressionar Moscovo a negociar um fim do conflito.
Os mísseis BGM-109 Tomahawk poderiam alcançar cidades, infraestruturas militares e energéticas ainda mais no interior da Rússia do que os 'drones' ucranianos, que têm atacado com sucesso refinarias, comprometendo a atividade que financia o esforço de guerra russo.
Na semana passada, Vladimir Putin, ameaçou que o fornecimento de mísseis Tomahawk à Ucrânia significaria uma séria escalada com Washington, garantindo que a Rússia responderia reforçando as suas defesas antimíssil.
Zelensky, que na sexta-feira terá uma reunião com Trump, adiantou na sua mensagem "esperar que o impulso para conter o terrorismo e a guerra que deu frutos no Médio Oriente ajude a pôr fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia".
O Presidente ucraniano refere que terá hoje reuniões com representantes de empresas de Defesa, "produtoras de armas poderosas que certamente reforçarão a proteção" do seu país, incluindo o fornecimento adicional de sistemas de defesa aérea.
"Também me reunirei hoje com representantes de empresas de energia americanas. Enquanto a Rússia aposta no terror contra o nosso setor energético e realiza ataques diários, estamos a trabalhar para garantir a resiliência da Ucrânia", afirma Zelensky.
"Não deve haver alternativa senão a paz e a segurança garantida de forma fiável - e é crucial proteger as pessoas dos ataques e agressões russos o mais rapidamente possível", adiantou o Presidente ucraniano.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda pelo menos quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
[Notícia atualizada às 21h57]
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