Este anúncio de Moscovo - já avançado também por Trump na sua rede social, Truth Social - surgiu após uma conversa telefónica de "quase duas horas e meia" entre os dois líderes, iniciada por Moscovo, e que a presidência russa descreveu como "extremamente franca e cheia de confiança".
"Ficou acordado que os representantes dos dois países começarão imediatamente a preparar-se para uma cimeira, que poderá ser organizada, por exemplo, em Budapeste", disse o conselheiro diplomático de Putin, Yuri Ushakov, numa conferência de imprensa depois da conversa telefónica.
O Presidente russo apresentou ao homólogo norte-americano a posição russa sobre o possível fornecimento de mísseis de longo alcance Tomahawk à Ucrânia, que será por este transmitida ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na reunião que ambos vão manter na sexta-feira, indicou o Kremlin.
"Trump mencionou que vai encontrar-se com Zelensky amanhã [sexta-feira] e acrescentou que, na reunião, terá naturalmente em conta as considerações expressas pelo Presidente russo durante a conversa telefónica de hoje" sobre os mísseis Tomahawk, afirmou Ushakov.
"Falando sobre estes mísseis, Putin reiterou que os Tomahawk não vão alterar a situação no campo de batalha, mas vão prejudicar significativamente as relações entre os nossos países, sem mencionar as perspetivas de uma solução pacífica", disse o conselheiro diplomático russo.
Trump sugeriu esta semana a possibilidade de fornecer mísseis Tomahawk à Ucrânia, o que foi interpretado como uma nova viragem na estratégia da Casa Branca para aumentar a pressão sobre Putin.
Ushakov observou ainda que o Presidente russo apresentou a Trump a sua visão sobre a situação na linha da frente.
"Em particular, foi salientado que, no âmbito da operação militar especial, as forças russas têm a iniciativa estratégica ao longo de toda a linha da frente", afirmou.
Segundo o conselheiro do Kremlin, Putin denunciou que Kiev, por sua vez, "utiliza métodos terroristas, ataca alvos civis e instalações energéticas", ataques aos quais a Rússia se vê obrigada a responder.
Acrescentou que o Presidente russo apoiou a ideia proposta por Trump de uma cimeira em Budapeste, capital da Hungria, país que tem insistido na necessidade de diálogo entre Moscovo e Washington para pôr fim à guerra.
"Posso dizer que Trump foi o primeiro a referir Budapeste, e o nosso Presidente apoiou imediatamente a ideia de realizar uma possível cimeira nesta capital europeia", declarou, após a conversa telefónica dos dois chefes de Estado.
Ushakov observou que, durante a conversa entre Putin e Trump, estes "debateram a possibilidade de outro encontro pessoal -- trata-se realmente de algo muito importante".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
A Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões -- Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO.
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