O procurador-geral Tajul Islam, nas suas alegações finais perante o Tribunal de Crimes Internacionais na capital, Daca, apelou também a que o antigo ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, fosse condenado à morte devido à gravidade dos seus crimes.
Durante os protestos, que ocorreram entre julho e agosto do ano passado, centenas de pessoas, entre elas estudantes, agentes de segurança e ativistas políticos, foram mortas durante as semanas de violência no país.
Nas suas alegações finais, o procurador deixou ao critério do tribunal a decisão sobre a pena a aplicar ao antigo chefe da polícia Chowdhury Abdullah al-Mamun.
Al-Mamun, que se encontra detido, tornou-se testemunha do Estado contra Hasina e já se tinha declarado culpado.
O regime de Hasina foi marcado por numerosas violações dos direitos humanos, incluindo detenções arbitrárias e execuções extrajudiciais de opositores políticos.
A primeira-ministra deposta está exilada na Índia, depois de ter fugido do país a 05 de agosto de 2024, onde se estima que também esteja Khan.
Hasina não nomeou nenhum advogado para a representar e já tinha rejeitado o processo de julgamento qualificando-o como um "tribunal canguru", ou seja, um tribunal de fachada.
A próxima sessão terá lugar na segunda-feira. O advogado de Hasina, nomeado pelo Estado, pediu uma semana para apresentar os seus argumentos.
O vencedor Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus assumiu a chefia de um Governo provisório três dias após a queda de Hasina.
Yunus prometeu castigar Hasina e proibiu as atividades do seu partido, a Liga Awami.
O líder interino anunciou também em agosto novas eleições no país, marcadas para fevereiro de 2026, as primeiras desde a queda do regime de Hasina que esteve 15 anos no poder do país asiático.
Na sua argumentação, o procurador referiu-se a Hasina como a "mentora e principal arquiteta" dos crimes contra a humanidade cometidos durante a revolta.
As Nações Unidas, num relatório de fevereiro, afirmaram que cerca de 1.400 pessoas poderão ter sido mortas durante a violência, enquanto o conselheiro de saúde do país, sob o Governo provisório, afirmou que mais de 800 pessoas foram mortas e cerca de 14.000 ficaram feridas.
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