O governo de Sébastien Lecornu sobreviveu, esta quinta-feira, a duas moções de censura apresentadas pela França Insubmissa e pela União Nacional, que acabaram rejeitadas pela Assembleia Nacional.
A primeira moção, apresentada pela França Insubmissa, foi apoiada pelos deputados do partido de extrema-direita União Nacional, obteve 271 votos, abaixo dos 289 necessários para ser aprovada e conseguir provocar a queda do governo e abrir caminho a uma nova dissolução.
A segunda moção, proposta pela União Nacional, também foi rejeitada com 144 votos - número abaixo dos 289 votos necessários para ser adotada e conseguir provocar a queda do Governo, mas não contou com o apoio dos deputados da França Insubmissa.
Os votos partiram de deputados de direita, incluindo de três republicanos.
À saída da Assembleia Nacional, Sébastien Lecornu disse aos jornalistas que iria voltar "ao trabalho", deslocando-se a pé até à sua residência oficial em Matignon. "Era necessário que os debates pudessem começar e eles vão começar", acrescentou.
Durante o seu discurso antes da votação, a líder do grupo da União Nacional na Assembleia Nacional, Marine Le Pen, considerou o projeto de orçamento de Lecornu como um "museu de todos os horrores presos há anos nas gavetas de Bercy", referindo-se ao Ministério da Economia francês.
O primeiro-ministro pediu aos deputados antes da votação das moções de censura para não tomarem "como reféns o orçamento da nação e o da segurança social", referindo-se ao debate sobre o projeto de lei orçamental para 2026 - cujo texto foi apresentado na terça-feira ao Conselho de Ministros - que deverá começar na próxima semana.
"É um momento da verdade, evidentemente. Queremos a ordem republicana, com debates que se realizam na Assembleia Nacional, ou queremos a desordem?", questionou Sébastien Lecornu aos deputados, durante o debate marcado por contestação da oposição, em que afirmou que o seu segundo Governo não teme a censura e alertou para a continuação da crise política.
A direção do Partido Socialista (PS) - cujos votos são decisivos numa Assembleia sem maioria - pediu o voto contra, depois de o primeiro-ministro aceitar a sua exigência inegociável de congelar a reforma das pensões até janeiro de 2028, de modo a que o tema possa integrar o debate nas eleições presidenciais de 2027.
Aprovada em 2023, a proposta de lei, muito contestada por prever o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos, foi suspensa para tentar evitar que o frágil governo minoritário seja imediatamente derrubado.
O primeiro secretário do PS, Olivier Faure, anunciou hoje que não irá censurar enquanto "o Parlamento for respeitado", tal como Lecornu prometeu no seu discurso de política geral. No entanto, sete deputados socialistas decidiram votar a favor da censura.
Na terça-feira, o Partido Socialista francês anunciou estar disposto "a apostar" na continuidade do debate parlamentar, afastando o uma moção de censura imediata da sua parte contra o Governo.
[Notícia atualizada às 15h20]
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