Para o líder democrata no Senado (câmara alta), Chuck Schumer, os despedimentos de funcionários públicos - já iniciadas, mas que a Casa Branca ameaça expandir, a par de outros cortes - são uma "tentativa mal orientada" de influenciar os votos democratas.
O líder democrata na Câmara de Representantes (câmara baixa), Hakeem Jeffries, defendeu que "as táticas de intimidação (dos republicanos) não estão a resultar" e "continuarão a falhar".
Na terça-feira em Washington, o Senado, de maioria republicana, falhou a oitava tentativa consecutiva de aprovar uma resolução de financiamento para pôr fim à paralisação parcial do Governo, iniciada a 01 de outubro.
A votação da proposta republicana para financiar o governo de forma temporária até 21 de novembro, anteriormente aprovada pela Câmara de Representantes, resultou em 49 votos contra 45, ficando bastante aquém dos 60 votos necessários para aprovação.
Os democratas condicionam o seu voto favorável à negociação prévia da manutenção de benefícios de saúde para pessoas de rendimentos mais baixos, que expiram este ano.
Ainda antes da votação, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou acabar com alguns programas de ajuda pública se a paralisação do Governo durar mais uma semana.
Em declarações aos jornalistas da Casa Branca, o republicano disse estar pronto para apresentar na sexta-feira uma lista de programas governamentais apoiados pelos democratas e encerrá-los.
Trump não especificou a que tipo de subsídios ou programas se referia, mas disse que se trata de projetos "ultrajantes e semicomunistas".
Paralelamente, a Casa Branca avançou com cortes de dezenas de milhares de milhões de dólares em apoios federais a projetos em estados de maioria democrata.
Os republicanos insistem em aprovar o projeto de lei tal como está, recusando-se a sentar-se à mesa, argumentando, sem provas, que o programa de saúde conhecido como Obamacare beneficia os imigrantes indocumentados.
Seis senadores não votaram, incluindo John Fetterman, da Pensilvânia, um dos três democratas que tinha apoiado o projeto de lei apoiado pelo Partido Republicano em votações recentes.
O período das festas de fim de ano está a aproximar-se e a Câmara ainda não convocou novas sessões.
A paralisação do governo já levou ao despedimento de centenas de funcionários federais, ordenado pela Casa Branca, e provocou atrasos no tráfego aéreo e na fronteira com o México.
No início da semana, o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Mike Johnson, afirmou que esta poderá tornar-se "uma das mais longas paralisações da história" do país.
O líder da maioria republicana no Senado, John Thune, remeteu responsabilidades para os democratas, afirmando que os despedimentos "são uma situação que poderia ser totalmente evitada".
Depois de uma paralisação temporária nos trabalhos parlamentares, e de encontros com os seus eleitores nos respetivos estados, os congressistas regressaram a Washington, com os democratas a mostrarem-se irredutíveis.
O senador da Virgínia Tim Kaine afirmou ter ouvido dos seus eleitores, incluindo funcionários federais da região da capital, Washington DC, que o essencial é travar a "carnificina" do Estado, "e que não se pode impedir isso cedendo".
Kaine disse que a paralisação foi precedida por "nove meses de comportamentos punitivos", uma vez que a Casa Branca fez cortes nas agências federais "e toda a gente sabe de quem é a culpa".
O senador do Havai Brian Schatz previu que as demissões serão anuladas em tribunal ou revertidas de outra forma, enquanto o também democrata Richard Blumenthal defendeu que os republicanos já planeavam alguns dos cortes aplicados e que a paralisação apenas os precipitou.
Num documento judicial apresentado na sexta-feira, o Gabinete de Administração e Orçamento da Casa Branca afirmou que seriam despedidos com a paralisação mais de 4.000 funcionários federais de oito departamentos e agências.
Leia Também: 'Shutdown' do governo federal ameaça paralisar tráfego aéreo dos EUA