"O país está suspenso com efeito imediato", declarou Mahamoud Ali Youssouf, denunciando uma mudança inconstitucional de regime.
Vários países do continente também estão suspensos da organização continental após golpes de Estado militares, como o Mali, o Burkina Faso e a Guiné-Conacri.
Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, expressou hoje preocupação com a "mudança inconstitucional de poder" em Madagáscar e apelou às partes para que colaborem no sentido de alcançar uma "solução pacífica" para a atual crise no país africano.
"O secretário-geral reitera a disponibilidade das Nações Unidas para continuar a colaborar com Madagáscar, a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para o restabelecimento da paz e da estabilidade no país", afirmou num comunicado.
Por sua vez, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano assinalou à Europa Press que "continua a acompanhar de perto a situação no terreno" e insta as partes a "procurar uma solução pacífica" para a crise política.
A ilha do Oceano Índico estava a ser abalada desde 25 de setembro por um movimento de contestação de jovens, ao qual se juntou uma unidade militar no sábado.
Na terça-feira, militares, liderados pelo coronel Michael Randrianirina, anunciaram "assumir o poder", logo após uma votação da Assembleia Nacional que destituiu o chefe de Estado, que entretanto deixou o país.
O Supremo Tribunal Constitucional malgaxe, tendo constatado que o cargo de Presidente estava "disponível", "convidou", em comunicado, na terça-feira, "a autoridade militar competente, encarnada pelo coronel Michael Randrianirina, a exercer as funções de chefe de Estado".
Hoje, numa entrevista, o coronel declarou que vai assumir a presidência do país, com uma tomada de posse nos próximos dias, para que a posição seja oficializada.
Contestado na rua e escondido num local desconhecido, Andry Rajoelina, que tinha dissolvido a Assembleia na terça-feira para evitar a sua destituição, denunciou a votação como uma "reunião (...) desprovida de qualquer base legal" e depois uma "tentativa de golpe de Estado" dos militares.
"O Presidente permanece plenamente em funções", tinha a presidência assegurado.
Os protestos, que duram há semanas, atingiram um ponto de viragem no sábado, quando Randrianirina e soldados da sua unidade de elite Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército Terrestre (CAPSAT) se revoltaram contra Rajoelina e juntaram-se às manifestações que exigiam a demissão do Presidente, levando-o a fugir.
Pelo menos 22 pessoas foram mortas nas manifestações e cerca de 100 ficaram feridas, de acordo com um balanço da ONU de 29 de setembro.
Apesar das riquezas naturais, Madagáscar continua a ser um dos países mais pobres do mundo e quase 75% da população vivia abaixo do limiar da pobreza em 2022, segundo o Banco Mundial.
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