Segundo o investigador da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais (EIPR, na sigla em inglês) Ishak Ibrahim, os detidos são acusados de "formar uma organização que viola as disposições da Constituição e da lei" e de "atacar publicamente uma religião cujos rituais são praticados abertamente em território egípcio".
Ibrahim alerta que a operação "viola a obrigação constitucional de garantir e proteger as liberdades de religião, crença, opinião e expressão", compromissos que o Governo egípcio "afirmou repetidamente perante as Nações Unidas e os seus parceiros internacionais".
De acordo com a EIPR, entre os detidos encontram-se pessoas com atividade nas redes sociais, incluindo o autor de um canal no YouTube e outros ligados ao Fórum Árabe de Ateus.
Alguns dos detidos terão estado desaparecidos durante vários dias antes de serem interrogados pela Procuradoria Suprema de Segurança do Estado.
As autoridades egípcias terão questionado os detidos sobre as suas crenças religiosas e os locais de culto que frequentavam, num processo que a organização considera "semelhante a um julgamento religioso".
A EIPR recorda que campanhas semelhantes já ocorreram no Egito, nomeadamente em 2014, e que o Estado tem promovido iniciativas para "combater o ateísmo" e "corrigir a imagem da religião", tratando ateus como "doentes a necessitar de cura".
A ONG exige a libertação imediata dos detidos, a retirada das acusações e o fim das perseguições baseadas em crenças religiosas.
A campanha ocorre um mês depois de outra operação policial dirigida a criadores de conteúdo na plataforma TikTok, acusados de "violação da moral pública".
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