A Air China, China Eastern e China Southern estão entre seis transportadoras chinesas que apresentaram queixas ao Departamento de Transportes dos EUA contra a ordem, proposta na semana passada, que visa proibir os voos sobre a Rússia por parte de companhias chinesas.
Na sua resposta, a China Eastern alegou que a medida "prejudica o interesse público" e "cria transtornos para os viajantes" da China e dos EUA, sublinhando que o aumento do tempo de voo se traduziria em custos mais elevados e tarifas mais caras.
A China Southern advertiu que a proibição afetaria negativamente milhares de passageiros, enquanto a Air China estimou que pelo menos 4.400 viajantes seriam afetados caso a restrição entre em vigor durante a época de Ação de Graças (27 de novembro) e o Natal.
O espaço aéreo russo foi encerrado a companhias aéreas norte-americanas e à maioria das transportadoras europeias em 2022, após a imposição de sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os voos chineses, porém, continuam a ter acesso, conferindo-lhes, segundo Washington, uma vantagem injusta face aos concorrentes dos EUA.
O porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun já tinha reagido na semana passada, considerando que a proposta representa uma "punição" para passageiros de todo o mundo.
Segundo David Yu, especialista do setor aéreo na Universidade de Nova Iorque em Xangai, a impossibilidade de sobrevoar a Rússia aumentou entre duas a três horas a duração de algumas rotas EUA-China, pressionando os custos operacionais e a rentabilidade das companhias norte-americanas.
"Historicamente, a rota China-EUA tem sido altamente lucrativa para ambos os lados", afirmou Yu. "Se as transportadoras chinesas podem sobrevoar a Rússia, os seus custos são inferiores", observou.
Ainda assim, as companhias chinesas enfrentam dificuldades financeiras desde a pandemia de covid-19.
O Departamento de Transportes dos EUA argumenta que a capacidade dos operadores chineses de utilizar a rota mais eficiente cria "desequilíbrios concorrenciais", ao permitir-lhes oferecer voos mais rápidos e, por conseguinte, mais apelativos para os consumidores.
A transportadora norte-americana United Airlines também se manifestou no processo, pedindo que a Cathay Pacific -- a companhia de bandeira de Hong Kong, que não figura na lista de companhias chinesas abrangidas -- seja excluída da proibição.
Empresas europeias como a Air France-KLM também apresentaram queixas sobre a restrição do espaço aéreo russo.
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