A censura sistemática nas rádios, segundo o SNTP, tem lugar após uma ordem a proibir qualquer menção a um atentado em Bogotá perpetrado contra dois ativistas venezuelanos exilados e após ameaças de represálias por mencionarem a recente atribuição do Prémio Nóbel da Paz à opositora Maria Corina Machado.
"O jornalismo não pode continuar a ser punido por informar. O SNTP alerta para novas e graves manifestações de censura em circuitos de rádio com presença em todo o país, que resultaram em ameaças e suspensão temporária de jornalistas por abordarem temas de evidente interesse público", explica um comunicado divulgado nas redes sociais.
O documento sublinha que "na sequência de fatos" que o SNTP protesta, "está a proibição de se referir ao atentado contra dois ativistas venezuelanos exilados na Colômbia, ocorrido ontem em Bogotá".
"Antes, tínhamos confirmado as represálias contra jornalistas após mencionarem em seus espaços a concessão do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado", explica.
Segundo o SNTP são fatos que "constituem uma clara violação da liberdade de expressão, do direito de todos e todas de serem informados".
"Tais decisões refletem o avanço de uma censura que busca apagar da agenda pública os temas que incomodam o poder", sublinha.
O SNTP frisa ainda condenar "toda prática que imponha vetos, silencie vozes ou limite a possibilidade de analisar fatos relevantes da vida nacional".
"A censura, seja por imposição direta ou por medo de represálias, constitui uma forma de violência contra o jornalismo", lê-se no comunicado.
No documento o SNTP reitera "a sua solidariedade com os colegas afetados e ratifica o seu compromisso com a defesa do exercício livre, digno e responsável do jornalismo na Venezuela".
Na segunda-feira a imprensa da Venezuela e da Colômbia denunciaram que o ativista dos direitos humanos Yendri Velásquez e o consultor político Luís Alejandro Peche, foram vítimas de um atentado na cidade colombiana de Bogotá.
Segundo o SNTP, ambas vítimas não são cidadãos comuns, mas pessoas que foram "obrigadas a sair do país para proteger a sua integridade" depois de terem sido "perseguidas e ameaçadas por fazerem o seu trabalho na Venezuela".
Ambos se encontram a recuperar do atentado.
Na sexta-feira, Maria Corina Machado recebeu o Prémio Nobel da Paz 2025 "pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", segundo o Comité Norueguês do Nobel, sediado em Oslo.
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