Por ser o único aliado da NATO que não se comprometeu a gastar 5% do seu PIB em Defesa, na última cimeira da Aliança, Trump ameaçou hoje Espanha com retaliações comerciais, incluindo tarifas alfandegárias.
"Pensei até dar-lhes um castigo comercial, através de tarifas, pelo que eles fizeram. Posso vir a fazer isso. Penso que foi incrivelmente desrespeitosa a Espanha, o único dos países da NATO, o único que disse isso. Acho que devem ser castigados por isso", afirmou o Presidente norte-americano na Casa Branca.
Em reação, segundo a agência espanhola EFE, o governo de Sánchez desvalorizou a ameaça de retaliações comerciais por parte de Trump.
Fontes do Palácio da Moncloa referiram-se ao encontro entre Trump e Sánchez no Egito como confirmação da relação entre os dois países "num ato oficial de grande significado internacional".
Antes, Trump afirmou que o governo de Pedro Sánchez (PSOE, esquerda) está a ser "incrivelmente desrespeitoso" para com a Aliança, em que os Estados Unidos são, de longe, o maior investidor em capacidade militar.
Trump já tinha anteriormente levantado a possibilidade de Espanha vir a sofrer retaliações, nomeadamente a exclusão da Aliança, por se colocar à margem dos aumentos de capacidade militar conjunta previstos.
Num encontro em Washington na quinta-feira, Trump sugeriu ao seu homólogo finlandês, Alexander Stubb, que "talvez devessem expulsar" Espanha da NATO por não cumprir os compromissos de gastos com a defesa da aliança.
Hoje, Trump afirmou "não estar contente com Espanha".
"Estou muito descontente com Espanha. São o único país que não aumentou o seu número (gastos em defesa em percentagem do PIB) para 5%", adiantou.
A última cimeira da NATO, em junho nos Países Baixos, resultou na concordância geral dos aliados com um novo compromisso de elevar gradualmente, até 2035, o investimento anual em Defesa e despesas relacionadas para 5% do PIB.
No entanto, a Espanha rejeitou esta meta mais elevada de 5%, considerando-a "irracional" e, em alternativa, chegou a um acordo para ficar de fora do compromisso, ficando-se pelas suas obrigações com a aliança de gastar 2,1% do PIB em Defesa.
Espanha já tinha declarado a sua intenção de atingir antecipadamente a anterior meta da NATO de 2% do PIB em despesas de Defesa até ao final de 2025, em vez da data original de 2029.
No final da cimeira de junho, o Presidente dos Estados Unidos tinha já ameaçado Espanha com mais e maiores taxas alfandegárias por causa da recusa em aumentar os gastos com a defesa.
Na segunda-feira, Trump brincou com as divergências com Espanha sobre os gastos com a Defesa, durante o seu discurso no final da cimeira da paz realizada no Egito.
O republicano referiu-se ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, presente no evento, perguntando se estavam a "trabalhar para o convencer" da necessidade de aumentar os gastos militares na NATO.
"Vamos aproximar-nos, estão a fazer um trabalho fantástico", frisou Trump, perguntando onde estava a delegação espanhola.
Hoje, o primeiro-ministro de Espanha relatou hoje um encontro "muito cordial" com o Presidente dos EUA no Egito e afirmou que as relações entre os dois países são muito positivas, apesar das divergências nos gastos com a defesa.
Numa entrevista à rádio Cadena SER, Sánchez disse várias vezes que o encontro com Trump foi "muito cordial" e acrescentou que os EUA reconhecem o bom desempenho da economia espanhola e que os dois países têm relações "muito positivas, muito profundas e muito consolidadas", mesmo havendo diferenças em relação a alguns assuntos.
O embaixador dos Estados Unidos junto da NATO advertiu hoje Espanha para não "dar a segurança por garantida" e rejeitou qualquer exceção para os objetivos de investimento na área da defesa.
"A NATO assegurou a paz ao longo da aliança durante 76 anos, mas o mundo é demasiado perigoso para se dar por garantida a segurança, isto é para Espanha e para qualquer aliado", disse Matthew Whitaker, num encontro com jornalistas.
O representante permanente dos EUA junto da NATO acrescentou que "todos os países-membros têm de empenhar-se, incluindo Espanha", para reforçar as capacidades militares: "Não há exceções".
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