Na lista divulgada, faltam nomes como o de Marwan Barghouti, visto por muitos como o sucessor de Mahmoud Abbas à frente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), ou o do diretor do Hospital Kamal Adwan, em Gaza, Hussam Abu Safiya.
A maioria dos 1.968 prisioneiros palestinianos libertados pertence à organização político-militar palestiniana Fatah. Além disso, 1.718 foram detidos na Faixa de Gaza desde 07 de outubro de 2023.
Nas listas, divulgadas segunda-feira pelo Gabinete de Comunicação dos Presos Asra (ligado ao Hamas) e pelo Clube dos Prisioneiros Palestinianos (ANP), constam ainda duas mulheres e cinco menores.
"A maioria foi detida arbitrariamente, incluindo em hospitais, sem acusações formais, ao abrigo das leis administrativas de detenção", denunciaram à agência noticiosa espanhola EFE fontes da Comissão de Assuntos dos Detidos e Ex-Detidos e do Clube dos Prisioneiros, associações que acusaram Israel de recorrer a "tortura física e psicológica" contra os libertados.
Entre os libertados estão 1.718 palestinianos que tinham sido detidos na Faixa de Gaza durante a ofensiva israelita iniciada em outubro de 2023, após o ataque do Hamas em território israelita, e que regressaram segunda-feira ao devastado enclave em pelo menos 11 autocarros.
Contudo, há 250 prisioneiros com penas de uma ou mais prisões perpétuas, sobretudo acusados de matar militares ou colonos israelitas. É nessa lista de presos políticos que se registam as grandes ausências.
MARWAN BARGHOUTI
Marwan Barghouti é um popular líder palestiniano, de 66 anos, detido em 2002 durante a Segunda Intifada e condenado, dois anos depois, a cinco penas de prisão perpétua.
Barghouti, que se juntou à Fatah aos 15 anos, goza de grande respeito entre todas as fações palestinianas e é visto por muitos como o sucessor de Abbas na liderança da ANP.
Também não foi libertado Abdallah Barghouti, familiar de Marwan e comandante das Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, na Cisjordânia, condenado a 67 penas de prisão perpétua.
HUSSAM ABU SAFIYA
Hussam Abu Safiya é diretor do Hospital Kamal Adwan, situado em Beit Lahia (norte da Faixa de Gaza). A 27 de dezembro de 2024, forças israelitas invadiram o hospital, atacaram e incendiaram as instalações, detendo civis e pessoal médico, incluindo o seu diretor.
O seu nome figura entre os 1.718 detidos sem condenação durante a última ofensiva israelita.
"Abu Safiya dirigia o hospital incansavelmente, prestando cuidados médicos essenciais a crianças e testemunhando o colapso do setor de saúde de Gaza durante o genocídio perpetrado por Israel. Continuou a trabalhar mesmo depois da trágica morte do seu filho num ataque aéreo israelita", afirmou a orgfanização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI), que tem reiteradamente pedido a sua libertação.
O nome de Abu Safiya chegou a constar de listas preliminares de libertação, mas, segundo associações de presos, acabou por ser colocado como suplente e não foi libertado.
AHMED SAADAT
Ahmed Saadat é presidente e secretário-geral da organização marxista-leninista Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), a segunda maior da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), depois da Fatah.
Saadat, de 72 anos, foi acusado por Israel de assassinar o ministro do Turismo Rehavam Ze'evi a 17 de outubro de 2001.
Em 2006, foi retirado à força de uma prisão palestiniana pelo Exército israelita e transferido para uma prisão israelita. Em 2008, um tribunal militar condenou-o a 30 anos de prisão.
OUTROS NOMES NÃO LIBERTADOS
Hassam Salama é um dirigente do Hamas detido a 17 de maio de 1996 e condenado a 48 penas de prisão perpétua, acusado de envolvimento numa vaga de atentados das Brigadas al-Qassam após o assassinato de Yahya Ayyash, que causou 46 mortos israelitas e uma dúzia de feridos. É um dos três prisioneiros com penas mais longas.
Abbas Al-Sayyed, outro dirigente do Hamas, de 59 anos, cumpre 35 penas de prisão perpétua, acusado de planear o atentado contra o Hotel Park, em Netanya, em 2002, que causou 30 mortos e 140 feridos.
Também não foi libertado Ibrahim Hamed, comandante do Hamas na Cisjordânia, acusado de organizar vários atentados durante a Segunda Intifada, que provocaram 46 mortos. Está condenado a 45 penas de prisão perpétua.
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