Segundo Manuel Cintura, os ataques aconteceram nos dias 30 de setembro e 03 de outubro, nos postos administrativos de Lúrio e Chipene, e resultaram na destruição, incendiadas, de 51 casas, contra o balanço inicial de 45, além de uma igreja e da estrutura de uma Escola Primária Completa [EPC] local, além de queimadas as cadeiras de outra instituição de ensino no mesmo posto administrativo.
"Tivemos destruição, incêndio de muitas residências, destruição de uma igreja, destruição na íntegra de uma escola, carteiras e uma outra EPC no posto administrativo de Chipene ", descreveu Cintura, em declarações aos jornalistas.
O administrador acrescentou que, embora parte da população esteja a regressar às zonas de origem, muitos habitantes continuam a evitar dormir nas próprias casas, por receio de novos ataques, que até agora não provocaram vítimas mortais em Nampula.
"A situação continua agitada, a população está a regressar diretamente para as zonas de origem, mas uma parte ainda continua a não dormir em casa", referiu.
Manuel Cintura admitiu ainda a presença de cidadãos naturais de Memba entre os grupos armados que têm protagonizado ataques no norte do país, apontando as ligações históricas da população local com comunidades pesqueiras de zonas anteriormente ocupadas por insurgentes na vizinha província de Cabo Delgado.
Quase 40 mil pessoas fugiram de seis distritos de Cabo Delgado, e ainda da província vizinha de Nampula, devido ao recrudescimento dos ataques terroristas no norte de Moçambique, segundo o último balanço da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
De acordo com o mais recente relatório do terreno daquela agência das Nações Unidas, entre 22 de setembro e 06 de outubro, a escalada de ataques e a insegurança provocada por grupos armados" levou a "novos deslocamentos" - num total de 39.643, equivalente a 12.335 famílias - essencialmente nos distritos de Balama, Mocímboa da Praia, Montepuez e Chiúre, Cabo Delgado, mas também em Memba, província de Nampula.
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques terroristas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito da Mocímboa da Praia.
Oito anos após esse primeiro ataque, o Governo afirmou esta semana que continua a fazer esforços para garantir a segurança às populações e bens para que estas comunidades permaneçam nos seus lugares de origem em paz.
O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos de ataques terroristas em Cabo Delgado, alertando para a instabilidade atual, com o recrudescimento da violência.
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