Desde 22 de setembro que Noboa enfrenta protestos e bloqueios de estradas em várias províncias, em resposta à remoção do subsídio ao gasóleo, que aumentou o preço de 1,80 dólares (1,54 euros) para 2,80 dólares (2,40 euros) por 3,8 litros.
Domingo, o 21.º dia de protestos convocados pela Confederação das Nacionalidades Indígenas (CONAIE), foi marcado pela concentração de manifestantes em cinco locais de Quito, enquanto a província andina de Imbabura, epicentro das mobilizações e bloqueios, permaneceu paralisada.
Utilizando gás lacrimogéneo, a polícia dispersou os manifestantes que avançavam gritando palavras de ordem contra o Governo e transportando cartazes que diziam "Não somos terroristas".
Na quarta-feira, o ministro da Defesa equatoriano, Guan Carlo Loffredo, acusou manifestantes indígenas de tentarem, no dia anterior, assassinar Daniel Noboa, cujo veículo foi atacado durante uma manifestação antigovernamental.
Marlon Vargas, presidente da CONAIE, a maior organização social do Equador, afirmou que o Governo "impediu a concentração e impediu o avanço da marcha pacífica de setores sociais e cidadãos em Quito".
"A mobilização militar e policial agiu com violência desde o início", afirmou Vargas, acrescentando que "esta ação reflete uma política bélica que nega o diálogo e criminaliza o protesto".
Além da manutenção do subsídio ao gasóleo, a CONAIE exige também uma redução de três pontos percentuais no imposto sobre o valor acrescentado (IVA), para 12%, melhorias na saúde e na educação.
A organização rejeitou também a realização do referendo de 16 de novembro, no qual --- por iniciativa de Noboa --- será questionada a possibilidade de estabelecer uma Assembleia Constituinte para redigir uma nova Constituição.
Após sobrevoar Quito, o ministro do Interior, John Reimberg, acusou os manifestantes de lançarem "fogo de artifício" contra o helicóptero em que seguia, obrigando a polícia a intervir.
Reimberg lembrou que na semana passada Marlon Vargas ameaçou marchar para a capital.
"Os controlos que estabelecemos impedirão que isso aconteça, porque não permitiremos que a paz na capital seja perturbada", garantiu o ministro.
Os protestos causaram a morte de um indígena, 150 feridos, entre manifestantes e agentes da polícia, assim como cerca de 100 detenções, segundo dados oficiais e de organizações de defesa dos direitos humanos.
Na terça-feira passada o Governo disse nas redes sociais que todos os detidos serão acusados de terrorismo e tentativa de homicídio.
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