Olivier Faure afirmou, em declarações à televisão francesa BFMTV, citadas pela agência espanhola Europa Press, não ter havido "nenhum contacto" com Lecornu "desde sexta-feira", advertindo que qualquer membro do Partido Socialista que integrar o novo Governo será expulso de imediato.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, reconduziu Sébastien Lecornu no cargo de primeiro-ministro, na sexta-feira à noite, quatro dias após este ter apresentado a sua demissão ao fim de um mês no cargo.
Rivais de todo o espetro político, da extrema-direita à extrema-esquerda, criticaram a decisão de Macron de reconduzir Lecornu, o quarto primeiro-ministro de França em menos de um ano, numa altura em que o país enfrenta desafios económicos crescentes e um forte aumento da dívida, e a crise política agrava as dificuldades, gerando preocupação na União Europeia.
O líder socialista considera que Macron caiu numa "forma de loucura política", em referência à sua decisão de nomear novamente Lecornu como primeiro-ministro, depois de o próprio Lecornu ter renunciado ao cargo na segunda-feira passada, poucas horas depois de apresentar os membros do seu governo.
"Ele está a pedir que se mantenham as mesmas políticas. Os franceses sentem que não estão a ser respeitados. É como o Dia da Marmota", afirmou Olivier Faure.
Lecornu continua hoje as negociações para formar governo, sem o seu principal aliado de direita, com o objetivo de, pelo menos, apresentar um projeto de orçamento dentro do prazo estipulado.
França ainda não tem um orçamento para 2026. De acordo com a Constituição, o parlamento deve dispor de pelo menos 70 dias para examinar um projeto de orçamento antes de 31 de dezembro. Assim sendo, Lecornu tem até segunda ou terça-feira para apresentar um documento.
A Europa Press recorda que a ministra da Agricultura, Annie Genevard, do partido conservador Os Republicanos, já manifestou a sua disponibilidade para integrar o novo Governo.
O partido Os Republicanos, que recusou fazer parte do executivo de Lecornu, esclareceu que a decisão de Annie Genevard não é uma decisão do partido, e que, portanto, "ela só se representará a si própria".
Vários meios de comunicação social franceses noticiaram que não haverá reunião do Conselho de Ministros na segunda-feira, razão pela qual não será possível aprovar o projeto de orçamento para 2026 e a Assembleia Nacional (parlamento) poderá não ter margem legal suficiente para o debater e aprovar antes de 31 de dezembro.
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