"Durante os confrontos noturnos, 23 valentes filhos do Paquistão abraçaram o martírio enquanto defendiam a integridade territorial da nossa amada pátria frente a esta ação indignante, enquanto 29 soldados ficaram feridos", declarou, em comunicado, a ala de comunicação do Exército paquistanês (ISPR).
A fonte estimou que, de acordo com informações de inteligência "credíveis", "mais de 200 combatentes talibãs e terroristas afiliados foram neutralizados, enquanto o número de feridos é muito maior".
O número difere do indicado hoje pelos talibãs em Cabul, que afirmaram que 58 soldados paquistaneses e nove afegãos morreram nos confrontos na fronteira entre os dois países, onde os combates continuam.
O Paquistão assegura que os confrontos começaram na noite passada com ataques "não provocados" provenientes do Afeganistão, enquanto Cabul considera a sua ação uma "operação de represália" pelos bombardeamentos que, segundo os talibãs, Islamabade realizou em território afegão na passada sexta-feira.
Paquistão e Afeganistão advertiram hoje que responderão a futuros ataques.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Ishaq Dar, especificou numa mensagem publicada na conta pessoal na rede social X que a resposta paquistanesa não se dirige à população civil afegã.
"Ao contrário das forças talibãs, atuamos com extrema cautela nas nossas respostas defensivas para evitar a perda de vidas civis. Esperamos que o governo talibã adote medidas concretas contra os elementos terroristas e os seus perpetradores, que pretendem sabotar as relações entre o Paquistão e o Afeganistão", afirmou.
Islamabade fechou todos os pontos de passagem fronteiriços entre o Paquistão e o Afeganistão, incluindo os de Torkham, na província de Khyber Pakhtunkhwa, e Chaman, no Baluchistão.
As relações entre Paquistão e Afeganistão deterioraram-se após a tomada de poder em Cabul pelos fundamentalistas, em agosto de 2021, após a saída das tropas norte-americanas do país e a queda do Governo republicano.
O governo paquistanês acusa os talibãs afegãos de fornecer abrigo aos membros do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP - irmãos ideológicos dos fundamentalistas de Cabul) para perpetrar atentados no Paquistão. Cabul nega as acusações.
Nos últimos meses, os militantes talibãs paquistaneses do TTP intensificaram uma campanha de violência contra as forças de segurança paquistanesas nas zonas montanhosas fronteiriças com o Afeganistão, governado pelos talibãs desde 2021.
Um relatório do Conselho de Segurança das Nações Unidas, publicado no início deste ano, concluiu que o TTP "foi provavelmente o grupo extremista estrangeiro no Afeganistão que mais beneficiou" do regresso dos talibãs ao poder, "que acolheram e apoiaram ativamente" o movimento.
Cabul nega firmemente as acusações e devolve-as a Islamabade, acusando o Paquistão de apoiar grupos "terroristas", nomeadamente a filial regional do grupo Estado Islâmico (EI).
Este ano, até 15 de setembro, as forças de segurança realizaram mais de 10.000 operações, nas quais 970 militantes foram mortos. No mesmo período, morreram 311 soldados e 73 agentes da polícia, acrescentou. Aliás, 2024 foi o ano mais mortífero para o Paquistão em quase uma década, com mais de 1.600 mortos nestes episódios de violência.
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