"Não pedimos luxos, mas o mínimo para irmos para casa em segurança, para carregarmos no interruptor e a luz acender, para termos água nas torneiras, para conseguirmos ter barco e avião e visitar a família" noutras ilhas, disse o cantor Alberto Koenig, no largo de Quebra Canela, na Praia, numa alusão a problemas recorrentes nos serviços públicos.
"Mais do que uma manifestação ou protesto, que este seja um dia marcado na nossa história como o primeiro dia da nossa união", referiu, num movimento apartidário, apelando a uma maior participação cívica.
Segundo disse, "tanto a nível municipal, como nacional, Cabo Verde podia estar muito melhor e o povo está descontente".
"Se a democracia é o poder do povo, nós não o sentimos", acrescentou, considerando que se devia traduzir em algo mais do que eleições periódicas.
Alberto Koenig referiu que os encontros de hoje serviram como ponto de partida para os membros se conhecerem e para se planearem outras ações do movimento, descrevendo que a mobilização se faz através das redes sociais e inclui a diáspora.
Os participantes na concentração na Praia erguiam cartazes onde se lia "a energia que falha apaga o futuro" ou "sem água não há dignidade".
Jael Assunção, um dos participantes, queixou-se do "quadro cor-de-rosa" pintado pelos governantes, quando há dificuldades nos transportes entre ilhas e insegurança urbana, além de problemas no abastecimento de água e eletricidade.
Além disso, Cabo Verde está a perder uma das maiores riquezas, "os recursos humanos", disse.
"Queremos encontrar um canalizador, um pedreiro e já foi tudo: quem tem oportunidade sai desta terra", referiu.
Eneida Varela pediu "o básico", como luz, água, transportes e serviços de saúde.
"Estou aqui para reclamar os meus direitos. Cabo Verde deste ano está pior que no ano passado, como um caranguejo, a andar para trás", descreveu.
O movimento "Di povo pa povo" publicou um manifesto na rede social Facebook, onde se refere que o povo está "cansado de promessas" e de lutar "para ter o básico".
"Esta mobilização não é política", mas sim "um chamado à responsabilidade coletiva", lê-se.
O documento inclui sete reivindicações chave, que incluem mais mecanismos de participação cívica, transportes interilhas fiáveis, habitação digna e ordenada, garantia de serviços essenciais (como eletricidade, água e saúde), dar soluções aos jovens que querem emigrar, combate às desigualdades salariais e renegociação do acordo de pesca com a União Europeia (UE).
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