Osama Hamdan, dirigente do grupo islamita Hamas, confirmou, este sábado, que a libertação de reféns "começa na segunda-feira de manhã".
"Em conformidade com o acordo assinado, a troca de prisioneiros está marcada para começar na manhã de segunda-feira", disse o responsável islamita à Agência France-Presse (AFP).
O mesmo responsável referiu que a troca de reféns inicia-se durante a manhã, "conforme combinado, não havendo novos desenvolvimentos sobre o assunto."
Note-se que há 48 reféns que estão sob controlo do Hamas. Após o regresso destas dezenas de reféns, Telavive vai libertar cerca de dois mil palestinianos, no âmbito do acordo fechado esta semana.
Acredita-se que 20 destes 48 reféns estejam vivos. Segundo a publicação The Times of Israel, o Hamas avisou Telavive de que poderia ter algumas dificuldades em encontrar os restos mortais de alguns dos reféns no prazo de 72h (que foi o período acordado).
Note-se que, de acordo com a Embaixada de Israel em Portugal, este acordo permitirá libertar "seis portugueses". O Governo português tem indicado a existência de dois reféns com ligações a Portugal, sendo que um deles estará morto.
Para além da libertação de quase dois mil prisioneiros palestinianos, a primeira fase do acordo prevê o recuo do exército israelita para a linha de demarcação estipulada pelos Estados Unidos, marcando a primeira fase da retirada do enclave.
Já esta semana o mesmo responsável que falou com a AFP tinha-se oposto ao comité de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Questionado, na quinta-feira, pela cadeia televisiva do Qatar Al-Araby se o Hamas aceitaria esta autoridade de transição, Osama Hamdan respondeu: "Nenhum palestiniano poderia aceitá-la. Todas as fações, incluindo a Autoridade Palestiniana, rejeitam isso".
Esta primeira fase não aborda, no entanto, a delicada questão da autoridade responsável pela administração da Faixa de Gaza, ou mesmo pela supervisão da reconstrução deste território devastado por dois anos de bombardeamentos.
"Ninguém quer regressar à era dos mandatos e do colonialismo", comentou Hamdan, referindo-se em particular ao período do Mandato Britânico da Palestina, dado que o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair estava previsto fazer parte deste comité.
Espera-se que este comité de paz de tecnocratas, incluindo locais, proposto por Trump, administre a Faixa de Gaza antes de entregar o território a uma Autoridade Palestiniana reformada.
O vice-presidente da Autoridade Palestiniana, movimento rival do Hamas, Hussein al-Sheikh, declarou que a entidade já tinha concluído todos os preparativos necessários para gerir a Faixa de Gaza após o conflito e supervisionar a reconstrução.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 67 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
[Notícia atualizada às 22h01]
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