Em Londres, os manifestantes percorreram o Victoria Embankment, um passeio ribeirinho ao longo da margem norte do Tamisa, até Whitehall, zona onde se situam vários edifícios do Governo britânico.
De acordo com a agência espanhola EFE, nos cartazes empunhados pelos manifestantes liam-se frases como "Do rio até ao mar, Palestina será livre", "Não é crime agir contra o genocídio", em referência às detenções ocorridas em 04 de outubro numa outra manifestação, e "[Keir] Starmer [primeiro-ministro do Reino Unido] tem sangue nas mãos. Palestina livre".
O diretor da organização Campanha de Solidariedade com a Palestina, que convocou a manifestação, Ben Jamal, explicou, citado pela EFE, que a convocatória foi mantida apesar do cessar-fogo, porque "o acordo de paz proposto não é um plano para uma paz duradoura" e "não aborda questões fundamentais que estão na origem do conflito, como o sistema de apartheid contra a população palestiniana ou o seu direito à autodeterminação".
Esta foi a 32.º manifestação nacional no Reino Unido de apoio à Palestina desde 2023, segundo a Campanha de Solidariedade com a Palestina, e teve uma contra-manifestação convocada sob o lema "Paremos o ódio", cujos participantes se concentraram no cruzamento entre as ruas Aldwych e Strand.
De acordo com a polícia de Londres, um "pequeno grupo" de contra-manifestantes ignorou a convocatória e concentrou-se no ponto de partida da manifestação da Campanha de Solidariedade com a Palestina, o que originou "uma altercação entre pessoas dos dois grupos".
"Os agentes intervieram rapidamente para separar os envolvidos e efetuaram várias detenções", anunciou a polícia.
O Governo britânico anunciou na semana passada o aumento das competências da polícia para controlar as manifestações, tendo o primeiro-ministro anunciado na quarta-feira que está a ser revista a regulamentação sobre manifestações e protestos, cânticos incluídos.
Hundreds of thousands marching for Palestine in London.
— Palestine Solidarity Campaign (@PSCupdates) October 11, 2025
We won’t stop campaigning until Israel’s occupation and apartheid is ended and Palestine is free from the river to the sea. pic.twitter.com/vqmouha9u4
Em Oslo, cerca de mil pessoas, segundo a polícia, participaram numa manifestação que começou no centro da cidade, dirigindo-se depois para o estádio Ullevall, onde decorria um jogo entre as seleções de futebol da Noruega e de Israel, de qualificação para o Mundial de Futebol 2026 e que os noruegueses venceram por 5-0.
Dentro do estádio, quando se ouviu o hino israelita, adeptos noruegueses desfraldaram uma bandeira palestiniana e vaiaram a seleção israelita. Durante o jogo, um adepto entrou em campo envergando uma camisola onde se lia "Gaza Livre", tendo sido detido pelos seguranças, o que obrigou a uma interrupção da partida.
Nas bancadas havia também adeptos israelitas, que agitavam bandeiras de Israel e empunhavam uma faixa na qual se lia "Deixem a bola falar".
Fora do estádio, a polícia dispersou um grupo de manifestantes, tendo detido alguns, constataram jornalistas da agência France-Presse (AFP).
"Hoje mostramos o cartão vermelho a Israel, ao apartheid e ao genocídio", disse à AFP a presidente do Comité Norueguês para a Palestina, uma das organizações que convocou a manifestação, Line Khateeb.
Nos cartazes empunhados pelos manifestantes liam-se frases como "Excluam Israel do futebol internacional", "Cartão vermelho para Israel" e "É um genocídio, não uma guerra".
À Oslo, des centaines de manifestants ont protesté contre Israël avant le match Norvège-Israël
— L'Équipe (@lequipe) October 11, 2025
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Alguns dias após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a UEFA e a FIFA decidiram em conjunto excluir a seleção e os clubes russos das competições internacionais, uma sanção que continua em vigor.
A receita da bilheteira do jogo Noruega-Israel vai ser doada à organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras, anunciou a Federação Norueguesa de Futebol.
Em Itália também se realizaram hoje manifestações de apoio ao povo palestiniano, em cidades como Milão, Bolonha e Turim, convocadas sob lemas como "Milão sabe de que lado está. Palestina livre do rio até ao mar", e nas quais estiveram representadas várias organizações estudantis e sindicais.
"Quando os jornalistas me perguntam se condeno o 07 de outubro [de 2023], respondo perguntando se condenam todos os anos de ocupação", argumentou um dos oradores da manifestação em Milão. "Queremos paz, mas somos pessimistas" com os "nazi-sionistas" armados pelo Ocidente, acrescentou.
Em Bolonha recordaram-se as flotilhas, missões humanitárias intercetadas por Israel em águas internacionais - nas quais seguiam quatro portugueses, entre os quais a deputada e líder do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua.
Em Turim foi valorizado o atual acordo de cessar-fogo.
"Sabemos das contradições que existem nesta paz, mas ainda assim é uma grande vitória para a resistência palestiniana. Piemonte [região italiana que tem Turim como capital] sabe de que lado está. Palestina livre", destacou uma declaração divulgada na manifestação.
Israel e o grupo islamista Hamas anunciaram na madrugada de quinta-feira um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolve a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.950 presos palestinianos.
O cessar-fogo visa pôr fim à fase atual do conflito israelo-palestiniano, desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo grupo islamista Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.
A ofensiva israelita também destruiu quase todas as infraestruturas de Gaza e provocou a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a das quais maioria crianças.
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