Segundo a Coordenação dos Comités de Resistência, um grupo civil que documenta as atrocidades do conflito, paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF), em guerra com o exército, realizaram um ataque com drones ao centro de deslocados de Dar al-Arqam, localizado numa universidade.
Os corpos permaneceram presos em abrigos subterrâneos, acrescentou a mesma fonte num comunicado, em que descreve o ataque como um "massacre".
"Crianças, mulheres e idosos foram mortos a sangue-frio e muitos deles ficaram completamente carbonizados", acrescenta o texto, lamentando que "o mundo permaneça em silêncio".
Sexta-feira, em Genebra, o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou os recentes massacres de dezenas de civis na cidade de al-Fashir, incluindo execuções sumárias de caráter étnico.
"Apesar dos repetidos apelos, incluindo os meus, exigindo proteção especial aos civis, eles [os paramilitares das FAR] continuam a matar, ferir e deslocar civis, bem como a atacar bens civis, incluindo abrigos para deslocados internos, hospitais e mesquitas, em total desrespeito pelo direito internacional", alertou Turk, acrescentando que o conflito "tem de parar".
O comissário refere informações segundo as quais as RSF teriam matado pelo menos 53 civis e ferido mais de 60 pessoas em ataques entre 05 e 08 deste mês, acrescentando que o número real de vítimas pode ser ainda maior.
As RSF, em guerra desde abril de 2023 contra o exército sudanês, estão atualmente a conduzir uma ofensiva feroz contra al-Fashir, a última cidade da vasta região ocidental de Darfur ainda sob o controlo do exército regular.
A atual ofensiva das RSF contra a cidade estratégica é a mais violenta desde o início da guerra com o exército.
Turk exortou os países próximos dos beligerantes sudaneses a "tomarem medidas urgentes para proteger os civis e impedir novas atrocidades em al-Fashir e em todo o Darfur".
O comissário apelou também a todas as partes envolvidas no conflito para que aprendam com a condenação, esta semana, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), de um líder miliciano sudanês por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos há mais de 20 anos.
Turk, após o veredito proferido na segunda-feira pelo TPI contra Ali Muhammad Ali Abd-Al-Rahman, declarou que este deveria servir como "um novo lembrete aos autores dos crimes de hoje de que não pode haver impunidade para crimes em grande escala cometidos contra civis".
A guerra, iniciada em 15 de abril de 2023, já matou dezenas de milhares de pessoas e deslocou mais de 14 milhões, dentro e fora das fronteiras.
O conflito mergulhou o terceiro maior país de África na "pior crise humanitária do mundo", segundo a ONU. Todas as tentativas de diálogo fracassaram até agora.
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