Entre as operações realizadas na sexta-feira na província de Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão, está um ataque suicida contra um centro de instrução da polícia, que matou sete agentes.
Segundo as várias autoridades locais, citadas pela agência noticiosa France-Presse (AFP), 11 paramilitares foram mortos no distrito fronteiriço de Khyber, e cinco pessoas, incluindo três civis, morreram no distrito de Bajaur.
Nos últimos meses, os militantes talibãs paquistaneses (TTP - Tehreek-e-Taliban Pakistan) intensificaram a sua campanha de violência contra as forças de segurança paquistanesas nas zonas montanhosas fronteiriças com o Afeganistão, governado pelos talibãs desde o verão de 2021.
Um atentado suicida atingiu um centro de formação das forças de segurança, provocando a morte a sete polícias, com recurso a um veículo carregado de explosivos, seguido de troca de tiros.
Estes incidentes ocorreram poucas horas depois de o governo talibã do Afeganistão ter acusado o Paquistão de "violar a soberania" do território afegão, nomeadamente em Cabul, onde foram ouvidas explosões. Islamabade defendeu o seu direito a proteger-se de ataques nas zonas fronteiriças.
As autoridades paquistanesas responsabilizam os talibãs afegãos por facilitarem a retoma da actividade do TTP.
O grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan, que está proibido, reivindicou inicialmente a responsabilidade pelo ataque, mas mais tarde emitiu um segundo comunicado a negar qualquer envolvimento. O grupo é aliado, mas distinto dos talibãs afegãos, que tomaram o poder em Cabul em 2021.
Na sexta-feira, o porta-voz principal do exército paquistanês, Ahmad Sharif Chaudhry, afirmou que "o terrorismo aumentou desde 2021", sobretudo na província noroeste de Khyber Pakhtunkhwa, junto à fronteira com o Afeganistão.
Numa conferência de imprensa, Chaudhry disse aos jornalistas que o Paquistão realizou milhares de operações antiterroristas nos últimos anos para neutralizar a crescente ameaça militante.
Um relatório do Conselho de Segurança das Nações Unidas, publicado no início deste ano, concluiu que o TTP "foi provavelmente o grupo extremista estrangeiro no Afeganistão que mais beneficiou" do regresso dos talibãs ao poder, "que acolheram e apoiaram ativamente" o movimento.
Cabul nega firmemente as acusações e devolve-as a Islamabade, acusando o Paquistão de apoiar grupos "terroristas", nomeadamente a filial regional do grupo Estado Islâmico (EI).
Este ano, até 15 de setembro, as forças de segurança realizaram mais de 10.000 operações, nas quais 970 militantes foram mortos. No mesmo período, morreram 311 soldados e 73 agentes da polícia, acrescentou.
O ano de 2024 foi o mais mortífero para o Paquistão em quase uma década, com mais de 1.600 mortos nestes episódios de violência.
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