"A Venezuela não cede a chantagens. A nossa disposição para o diálogo não deve ser confundida com subordinação. Já fomos o túmulo de um império e, se formos atacados, defender-nos-emos com todas as ferramentas que temos. A Venezuela é nossa, não é dos EUA", disse na sexta-feira o embaixador permanente da Venezuela na ONU.
Samuel Moncada falava durante uma reunião de urgência solicitada por Caracas ao Conselho de Segurança da ONU, para debater sobre o que diz ser uma grave escalada de agressões e um destacamento militar sem precedentes dos Estados Unidos nas Caraíbas.
Numa intervenção carregada de denúncias o embaixador disse estar em curso "uma campanha de desinformação e agressão sistemática" por parte dos Estados Unidos contra a Venezuela e instou a comunidade internacional a atuar com urgência para evitar uma nova catástrofe na América Latina.
"O conflito não existe, é fabricado pelos Estados Unidos. Eles promovem uma guerra sem fim, alimentada pela sua adição ao petróleo, a mesma que os levou a invadir o Iraque e o Afeganistão. É hora de evitar que essa história se repita na Venezuela", disse.
Por outro lado, sublinhou o compromisso com a paz, da Venezuela, um país "que nunca participou em guerras internacionais".
"Mas se formos atacados exerceremos o nosso direito à defesa, como estabelece a Carta das Nações Unidas", frisou.
Segundo o diplomata, as "ações e a retórica belicista" dos EUA indicam que "é racional pensar que em muito curto prazo será executado um ataque armado contra a Venezuela".
"É por isso que estamos aqui, porque este Conselho de Segurança dispõe dos meios necessários para evitar que a situação se agrave ainda mais", sublinhou.
Durante a reunião, Samuel Moncada propôs três ações concretas para travar a ameaça, sendo a primeira "o reconhecimento formal da ameaça à paz e à segurança internacionais
"Que se determine oficialmente que a escalada militar dos EUA nas Caraíbas representa um perigo para a estabilidade regional", disse.
A segunda, explicou, seriam "medidas preventivas imediatas (...) para evitar que a situação se agrave no terreno, incluindo a cessação de manobras militares e atos hostis".
Por fim, sugeriu uma "resolução vinculativa para proteger a soberania venezuelana". "Que o Conselho de Segurança aprove uma resolução na qual todos os seus membros, incluindo os Estados Unidos, se comprometam a respeitar a soberania, a independência e a integridade territorial da Venezuela", explicou.
As tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos aumentaram em agosto, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado o envio de navios de guerra para as Caraíbas, para águas internacionais próximas do país sul-americano, citando a luta contra os cartéis de droga da América Latina.
Os EUA acusam o Presidente venezuelano de liderar o Cartel dos Sois e recentemente aumentaram a recompensa por informações que levem à captura de Maduro para 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros).
Maduro denunciou a presença militar norte-americana junto à costa venezuelana e negou qualquer ligação com o tráfico de droga.
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