Em declarações ao canal de notícias ucraniano Suspilne, Brekelmans afirmou que o memorando de entendimento assinado com o homólogo ucraniano prevê cooperação industrial, no âmbito da iniciativa Construir com a Ucrânia, que "visa permitir que as empresas neerlandesas invistam na Ucrânia e que as empresas ucranianas estabeleçam 'joint ventures' nos Países Baixos para expandir a produção conjunta".
Brekelmans confirmou ainda que os dois países estão a criar empreendimentos conjuntos de produção de armas, e que provavelmente anunciará "um desses projetos em breve".
O ministro neerlandês anunciou ainda que os Países Baixos vão abrir um 'cluster' de coordenação em Kyiv para apoiar as empresas tecnológicas que procuram entrar no mercado ucraniano.
"O objetivo é criar parcerias mutuamente benéficas. A Ucrânia tem uma vasta experiência no campo de batalha e empresas inovadoras, enquanto os Países Baixos oferecem tecnologia avançada e capacidade industrial para aumentar a produção", acrescentou Brekelmans.
Ao fim de quase quatro anos a enfrentar o exército russo, a Ucrânia desenvolveu capacidades de utilização de 'drones' em ataques, e também de defesa deste tipo de aeronaves controladas remotamente, que são das mais avançadas do mundo.
Brekelmans afirmou hoje em Kyiv que os ataques russos na noite de 10 de outubro realçaram a necessidade urgente de reforçar as defesas aéreas e de 'drones' da Ucrânia.
Os ataques atingiram instalações energéticas e áreas residenciais em várias regiões, deixando partes de Kyiv sem eletricidade e água.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou ter discutido com Brekelmans o desenvolvimento da produção conjunta de 'drones' e a implementação da iniciativa.
Descreveu ainda o novo memorando sobre a produção conjunta de 'drones' como "um passo importante na cooperação em matéria de defesa" entre Kyiv e Haia.
"Esta é uma das áreas mais promissoras da cooperação bilateral", disse Zelensky num comunicado no Telegram, agradecendo aos Países Baixos pelo seu apoio contínuo, que atingiu os 9 mil milhões de dólares desde o início da invasão em grande escala da Rússia.
Expressou ainda gratidão pela contribuição dos Países Baixos de cerca de 600 milhões de dólares para a iniciativa para compra e entrega a Kyiv de armamento norte-americano (PURL), referindo que estes esforços "enviam um sinal e um exemplo para outros parceiros".
Financiada por aliados europeus e pelo Canadá, a iniciativa PURL consiste em pacotes periódicos, cada um no valor aproximado de 500 milhões de dólares (428,6 milhões de euros), contendo equipamento e munições identificados pela Ucrânia como prioridades operacionais.
Entre eles, incluem-se meios que os Estados Unidos podem fornecer em maiores quantidades que a Europa e o Canadá por si sós.
Até final de setembro, a iniciativa tinha arrecadado 2,1 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) dos países da NATO, segundo Kyiv.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda pelo menos quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
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