"Se chegámos ao ponto de falar em cessar-fogo, (...) no regresso dos reféns, na retirada dos exércitos, na reconstrução de Gaza (...) é graças (...) à força do Presidente [norte-americano, Donald] Trump, à coragem do Papa Leão e ao Governo italiano, que não alinhou com o rebanho de Macron ao reconhecer o Estado da Palestina", disse Salvini num evento de campanha em Florença (norte).
Para o ministro do governo da conservadora Giorgia Meloni, o acordo de paz alcançado esta semana não se deve "às Flotilhas, a Greta Thunberg" ou Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinianos Ocupados, entre outros.
O governo italiano não se juntou ao movimento de reconhecimento da Palestina por vários países europeus, incluindo Portugal, defendendo que fazê-lo prematuramente seria "contraproducente" e colocando condições.
Apesar de apoiar a solução de dois Estados (Israel e Palestina), o governo italiano condiciona o reconhecimento de um Estado palestiniano a que este em simultâneo reconheça o Estado israelita, o que movimentos radicais como o Hamas rejeitam.
Meloni exige ainda que todos os reféns israelitas sejam libertados e o Hamas seja excluído de qualquer papel futuro no governo de Gaza, como condição para reconhecer o Estado palestiniano.
A Itália absteve-se na votação de uma resolução na Assembleia Geral da ONU para reforçar os direitos da Palestina como Estado Observador.
Para Salvini, "a paz em Gaza deve-se também ao que alguns consideram um criminoso, Bibi Netanyahu, que se manteve firme num momento difícil".
"É também graças àqueles que guiaram Israel por um caminho difícil, derrotaram os terroristas islâmicos que o rodeavam e agora podem corajosamente trazer crianças israelitas e palestinianas de volta para brincar, estudar e crescer juntas", disse o ministro dos Transportes italiano.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na quarta-feira que a primeira fase do seu plano de paz para a Faixa de Gaza foi aceite pelo Hamas, que libertará os restantes reféns, e por Israel, que retirará as suas forças para uma zona demarcada.
O plano de paz de 20 pontos elaborado por Trump para pôr fim à guerra em Gaza foi negociado no Egito desde segunda-feira entre delegações de Israel e do Hamas, com mediadores.
Os primeiros pontos do plano, apresentado na Casa Branca a 29 de setembro, incluem o fim da ofensiva israelita em Gaza e a libertação, no prazo de 72 horas, de todos os reféns do Hamas, vivos e mortos.
O plano de Trump inclui ainda o desarmamento do Hamas, a retirada de Israel do enclave, a formação de um governo de transição na Faixa de Gaza e, a longo prazo, eventuais negociações para a criação de um Estado palestiniano --- uma opção que, no entanto, o primeiro-ministro israelita afastou.
O Governo de Netanyahu já ratificou a primeira fase do plano de paz em Gaza e o recuo das tropas deverá acontecer em 24 horas, havendo então 72 horas para a troca de reféns e prisioneiros entre as partes.
No encerramento da campanha do candidato de centro-direita ao governo da Toscânia, Alessandro Tomasi, Salvini criticou ainda a esquerda italiana pela sua posição em relação ao antissemitismo.
"Tenho vergonha que em 2025, mesmo em Itália, haja uma caça aos judeus que pensávamos ter terminado com Hitler e os campos de concentração, e a esquerda esteja a brincar com o fogo", acrescentou.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi iniciada quando o grupo islamita radical Hamas, que controla este território palestiniano, atacou solo israelita, a 07 de outubro de 2023, provocando 1.200 mortos e fazendo 251 reféns.
A retaliação de Israel já fez mais de 67 mil mortos entre os palestinianos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
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