"Esperamos que este prémio, que é um reconhecimento do trabalho incansável que tem vindo a fazer a María Corina Machado na defesa dos direitos, da liberdade e da democracia na Venezuela" seja "uma abertura para que internacionalmente também entendam a situação que se vive na Venezuela politicamente", afirmou à agência Lusa Ana Cristina Monteiro, representante da associação Venecom.
O Comité Nobel norueguês anunciou hoje que o Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana "pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".
"Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos", sublinhou o Comité.
Admitindo não saber que consequência terá o Prémio Nobel da Paz para o país, a representante da associação Venecom referiu desejar que "ajude a Venezuela a regressar à democracia".
O que se espera é que "seja favorável e que se encontre uma saída democrática na Venezuela e que se mantenha a paz", avançou, acrescentando que o que se quer é que "as pessoas vivam em liberdade e com a garantia dos seus direitos humanos".
De acordo com a Venecom, vivem na Região Autónoma da Madeira entre 10 a 12 mil venezuelanos e luso-venezuelanos.
Nascida em 1967, na Venezuela, María Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime do Presidente Nicolás Maduro, e chegou a ser a candidata favorita à vitória nas eleições presidenciais de julho de 2024.
No entanto, foi impedida de concorrer quando, em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça, alinhado com o Governo de Maduro, a proibiu de ocupar cargos públicos durante 15 anos.
A laureada considerou hoje que a atribuição do Nobel da Paz é "uma conquista e um reconhecimento" para todos os venezuelanos, e disse que o prémio devia ser dado ao povo do país sul-americano.
"Esta é uma conquista para toda a sociedade. Sou apenas uma pessoa, não mereço isto", disse, quando foi acordada por uma chamada telefónica do secretário do Comité Nobel norueguês, Kristian Berg Harpviken, para a informar de que tinha ganhado o prémio.
"Estou muito grata em nome do povo venezuelano", reagiu, defendendo que os venezuelanos acabarão por vencer e derrotar o regime autoritário de Maduro.
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