Corina Machado, 58 anos, venceu as eleições primárias de 2023 para concorrer como candidata pela Plataforma Unitária, mas foi impedida de se candidatar por ter sido desqualificada pelo regime de Maduro.
Foi substituída por Edmundo González Urrutia, que o Parlamento Europeu (PE) reconheceu como presidente eleito, na sequência da contestação dos observadores internacionais, incluindo a ONU, à declaração de vitória de Maduro.
O período eleitoral foi marcado pela repressão dos candidatos e apoiantes da oposição e Corina Machado passou a viver na clandestinidade por temer pela vida, enquanto González conseguiu refugiar-se em Espanha.
O (PE) atribuiu o Prémio Sakharov 2024 para a Liberdade de Pensamento a Corina Machado e a González Urrutia, como representantes de "todos os venezuelanos dentro e fora do país que lutam pela reinstituição da liberdade e da democracia".
"O triunfo da Venezuela será o triunfo da humanidade, de cada indivíduo e de cada sociedade que decidir construir em conjunto um futuro em liberdade", disse Corina Machado numa mensagem divulgada durante a cerimónia em setembro de 2024.
María Corina Machado foi deputada do parlamento venezuelano entre 2011 e 2014.
Em agosto, após uma intervenção norte-americana contra cartéis da droga venezuelanos, disse que o afastamento de Maduro do poder era indispensável não apenas para o bem-estar dos venezuelanos, mas para a estabilidade geopolítica do continente.
Segundo Corina Machado, a Venezuela foi transformada por Maduro "num paraíso seguro para todas as redes criminosas e inimigos do hemisfério ocidental" e "num satélite do regime iraniano".
"O regime de Maduro abriu a nossa terra e os nossos recursos ao regime chinês, ao regime russo e também a organizações terroristas criminosas. (...) Mas chegou a hora da mudança", afirmou então.
Ao atribuir-lhe hoje o prémio Nobel da Paz, o comité norueguês destacou o trabalho de Corina Machado "na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela" e a sua luta por uma "transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".
"Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos", afirmou o comité.
Leia Também: Opositor Edmundo González saúda Nobel para luta pela liberdade na Venezuela