O atual Presidente dos Camarões, Paul Biya, de 92 anos, da União Democrática do Povo Camaronês (RDPC, na sigla em francês), que está no poder desde 1982, é um dos candidatos às eleições presidenciais, tendo anunciado a sua candidatura em 13 de julho.
Paul Biya é o chefe de Estado mais velho do mundo e antigo de África a seguir ao seu homólogo da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, e é o segundo Presidente do país desde a independência da França, em 1960.
Se Paul Biya vencer, vai para o seu oitavo mandato, que tem uma duração de sete anos.
O principal líder da oposição camaronesa, Maurice Kamto, do partido Movimento para o Renascimento dos Camarões (MRC) era um dos candidatos à presidência, tendo sido excluído após a comissão eleitoral e o Conselho Constitucional dos Camarões ter rejeitado a sua candidatura.
Kamto foi considerado o rival mais forte de Biya em eleições anteriores, ficou em segundo lugar nas últimas presidenciais, em 2018, com 14% dos votos, enquanto o Presidente camaronês venceu com mais de 70%, numa eleição marcada por irregularidades e baixa participação.
Dos 83 candidatos presidenciais, número recorde no país, que apresentaram as suas candidaturas ao Elecam, órgão eleitoral, apenas 13 foram aprovadas, mas a candidatura de Hilaire Dzipan, do Movimento Progressista (MP) foi rejeitada posteriormente.
A oposição camaronesa enfrenta dificuldades devido a Maurice Kamto ter sido impedido de concorrer, e os 11 candidatos restantes provavelmente vão dividir os votos.
Com uma oposição enfraquecida, a probabilidade de uma nova vitória de Biya aumenta.
Todos os 11 candidatos da oposição concordaram com a necessidade de se unirem em torno de um único líder, mas tiveram dificuldades em chegar a um acordo sobre quem devia ser esse líder.
O código eleitoral do país exige que os partidos que desejem participar nas eleições tenham membros eleitos no parlamento ou nos conselhos municipais.
O candidato do partido Frente para a Saudação Nacional dos Camarões (FSNC) Issa Tchiroma, um antigo aliado de Biya que deixou o cargo no Governo no início deste ano para concorrer à eleição, foi designado como candidato de consenso pela União para a Mudança 2025, uma aliança de pelo menos 20 partidos políticos e vários grupos da sociedade civil.
"Temos apenas um objetivo: libertar os Camarões do sistema que o estrangulou por mais de 40 anos", disse Issa Tchiroma.
Tomaino Ndam Njoya, a única mulher na disputa, do partido União Democrática dos Camarões (UDC) afirmou recentemente que está aberta a apoiar um candidato de consenso, acrescentando que esse seria "o preço a pagar para finalmente oferecer ao povo camaronês a mudança que ele espera e merece".
O ex-primeiro-ministro Bello Bouba Maïgari, do partido Union Nationale pour la Démocratie et le Progrès (UNDP), e Issa Tchiroma são os dois candidatos com probabilidade de ganhar votos no norte do país, que constitui a maior zona eleitoral.
Os outros candidatos são: Cabral Libii, do Partido Camaronês para a Reconciliação Nacional (PCRN), candidato em 2018, quando ficou em terceiro lugar com 6,28% dos votos; Ateki Seta Caxton, do Parti da Aliança Liberal (PAL) e Akere Muna, do UNIVERS, que uniram forças para apoiar Bello Bouba Maïgari; Samuel Lyodi Hiram, do Frente dos Democratas Camaroneses (FDC); Pierre Kwemo, da União dos Movimentos Socialista (UMS); Serge Espoir Matomba, do Povo Unido para a REnovação Social (PURS); Jacques Bougha-Hagbe, do Movimento Cidadão Nacional Camaronês (MCNC); Joshua Osih, da Frente Social-Democrática (SFD, na sigla em inglês).
Durante as décadas de governação de Paul Biya, a nação centro-africana de quase 30 milhões de habitantes enfrentou desafios que vão desde um movimento secessionista até à corrupção que condicionou o desenvolvimento do país, apesar dos ricos recursos naturais, como o petróleo e minerais.
Desde 2016, o país da África central enfrenta um conflito contra os separatistas nas regiões de língua inglesa no noroeste e sudoeste, que são reprimidas pelo Governo. Os Camarões também são ameaçados por grupos extremistas, como o Boko Haram e o Grupo de Apoio ao Islão e Muçulmanos.
Segundo uma estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 43% dso cidadãos do país vivem na pobreza, medida pelos padrões básicos de vida, como rendimento, educação e saúde.
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