Israel e Hamas acordaram quarta-feira um cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, após negociações indiretas mediadas por Egito, Qatar, EUA e Turquia.
Eis algumas perguntas e respostas sobre o princípio de entendimento, dois anos passados sobre o atentado do grupo armado islamista que matou 1.200 pessoas e fez 250 reféns, em Israel, seguindo-se uma ofensiva militar crescente das forças hebraicas sobre Gaza e mais de 66 mil mortos palestinianos:
O que inclui a primeira fase do 'plano Trump para Gaza'?
Esta primeira etapa contempla a libertação de quase dois mil presos palestinianos em troca do regresso a casa dos 48 reféns ainda em posse do Hamas. Israel estima que apenas 20 estejam vivos.
O grupo que tem protagonizado ações terroristas em defesa da causa palestiniana anunciou ter entregado a lista de prisioneiros que pretende ver libertados às autoridades israelitas, mas Israel ainda não se pronunciou.
Cerca de 250 são pessoas condenadas à pena perpétua e outras 1.700 são presos na sequência do atentado de 07 de outubro de 2023.
Está ainda prevista nesta fase a entrada de ajuda humanitária em Gaza e uma retirada parcial das Forças da Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa).
Os militares hebraicos terão de ficar posicionados atrás da denominada "linha amarela", um perímetro de entre 1,5 e 6,5 quilómetros, consoante as zonas fronteiriças abrangidas.
Quais são os prazos de aplicação do plano?
O Governo liderado por Benjamin Netanyahu deverá reunir-se já hoje para retificar a primeira fase do projeto de Paz em Gaza e o recuo das tropas deverá acontecer em 24 horas, havendo então 72 horas para a troca de reféns e prisioneiros entre as partes.
O líder dos EUA, Trump, disse quarta-feira estar confiante de que segunda-feira será o dia da libertação dos reféns, embora a mesma possa ocorrer antes, segundo o plano.
O populista republicano, que ocupa a sala oval da Casa Branca pela segunda vez desde janeiro, pretende viajar para o Médio Oriente no domingo, se tudo correr como previsto.
Sexta-feira vai ser anunciado o prémio Nobel da Paz que Trump crê merecer, tendo já feito declarações nesse sentido. O democrata e antigo presidente Barack Obama (2009-2017) recebeu a distinção em 2009.
O que contempla a fase posterior?
O plano de 20 itens dos EUA para aquela zona do globo foi apresentado em Washington no dia 29 de setembro, com a presença do primeiro-ministro israelita, e impõe um governo tecnocrático de transição para a Faixa de Gaza, sob a égide de uma junta presidida pelo próprio Trump e o antigo primeiro-ministro trabalhista britânico Tony Blair.
Uma "reformada" Autoridade Palestiniana tomará depois o poder sem qualquer representação do Hamas, "direta ou indiretamente". O território será desmilitarizado e haverá medidas para a reconstrução e o desenvolvimento económico.
Não existem mais datas definidas para outras movimentações das forças israelitas até ao momento.
Trump considerou o anúncio do acordo "um grande dia para o mundo árabe e muçulmano, Israel, as nações vizinhas e os Estados Unidos", palavras também utilizadas por Netanyahu, referindo-se a "um grande dia para Israel".
O presidente palestiniano, Mahmud Abas, mostrou-se confiante numa solução política permanente para o conflito.
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