Procurar

Analgésico tramadol pode não ser tão eficaz para as dores crónicas

O tramadol é um potente analgésico opioide, mas uma revisão de estudos científicos revela que pode não ser tão eficaz no alívio da dor crónica e provavelmente aumenta o risco de efeitos secundários graves, como doenças cardíacas.

Analgésico tramadol pode não ser tão eficaz para as dores crónicas

© NICOLAS GUYONNET/Hans Lucas/AFP via Getty Images

Lusa
09/10/2025 06:48 ‧ há 13 horas por Lusa

Mundo

tramadol

Uma equipa liderada pelo Hospital Rigs, na Dinamarca, publicou no The BMJ Evidence-Based Medicine uma revisão e meta-análise de 19 ensaios clínicos, compilados até 2025, envolvendo 6.506 pessoas com dor crónica, noticiou na quarta-feira a agência Efe.

 

Os investigadores, citados pela revista, indicaram que o tramadol "não é tão eficaz no alívio da dor crónica para a qual é amplamente prescrito" e também "provavelmente aumenta o risco de efeitos secundários graves, como doenças cardíacas".

Por isso, a equipa concluiu que "os potenciais danos do tramadol provavelmente superam os seus benefícios" e que "a sua utilização deve ser minimizada".

Este medicamento é um opioide de dupla ação amplamente prescrito para o tratamento de dores agudas e crónicas moderadas a intensas.

Os estudos analisaram o impacto do tramadol na dor neuropática, com nove a centrarem-se na osteoartrite, quatro na dor lombar crónica e um na fibromialgia.

Os doentes tinham entre 47 e 69 anos, com uma média de idades de 58 anos.

A duração do tratamento variou de duas a 16 semanas, enquanto o seguimento variou de três a 15 semanas.

A análise conjunta dos resultados dos ensaios clínicos mostrou que, embora o tramadol tenha aliviado a dor, o efeito foi pequeno e abaixo do que seria considerado clinicamente eficaz.

Além disso, o risco de danos associados foi duplicado em comparação com o placebo, principalmente devido a uma maior proporção de "eventos cardíacos", como dor no peito, doença arterial coronária e insuficiência cardíaca congestiva, de acordo com o BMJ Evidence-Based Medicine.

O uso de tramadol foi associado a um risco aumentado de alguns tipos de cancro, embora o período de seguimento tenha sido curto, tornando esta descoberta questionável, segundo os investigadores.

A análise indicou que o medicamento também estava associado a um risco aumentado de efeitos secundários ligeiros, como náuseas, tonturas, obstipação e sonolência.

Os autores referiram que este é um dos opioides mais prescritos nos EUA, possivelmente devido à perceção de um menor risco de efeitos secundários e à crença generalizada de que é mais seguro e menos viciante do que outros opioides de ação curta.

O estudo acrescentou que "os potenciais danos associados ao uso de tramadol para o controlo da dor provavelmente superam os seus benefícios limitados".

Num comentário ao estudo, no qual não participou, Enrique Cobos, da Universidade de Granada, escreveu na plataforma de recursos científicos Science Media Centre que, na prática clínica, estes resultados "obrigam a reconsiderar o papel do tramadol no tratamento da dor crónica".

No entanto, o perfil de cada doente e os efeitos do medicamento a nível individual devem ser sempre "avaliados cuidadosamente", uma vez que as pessoas com dor crónica têm poucas alternativas eficazes e seguras, acrescentou.

Leia Também: Paracetamol na gravidez não tem ligação ao autismo, garante Infarmed

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10