"Infelizmente, é necessário constatar que o forte impulso de Anchorage [no Alasca, local da cimeira] se esgotou em grande parte", declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, citado pela agência de notícias RIA Novosti.
Riabkov disse que as "ações destrutivas, em primeiro lugar dos europeus", impediram que as negociações avançassem no sentido de alcançar um entendimento para a resolução do conflito na Ucrânia, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
O Presidente norte-americano, Donald Trump, que prometeu acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas, tentou aproximar-se de Moscovo para encontrar uma solução para o conflito após o regresso ao poder em janeiro.
Em 15 de agosto, recebeu Putin no Alasca, mas a aproximação não resultou em progressos nas negociações entre Moscovo e Kiev, nem diminuiu a intensidade dos combates na guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022.
Moscovo continua a exigir a anexação de várias regiões ucranianas, o que a Ucrânia rejeita categoricamente.
Trump expressou nas últimas semanas crescente frustração em relação à Rússia, que comparou a um "tigre de papel", que parece poderoso mas não o é, e descreveu a situação da economia russa como crítica.
Neste contexto, responsáveis norte-americanos ponderaram recentemente a venda de mísseis Tomahawk de longo alcance a países europeus para posterior entrega à Ucrânia.
Putin considerou na semana passada que o envio dos mísseis para Kiev seria "uma nova escalada" entre Moscovo e Washington, uma vez que "utilizar os Tomahawk é impossível sem a participação direta de militares norte-americanos".
Serguei Riabkov apelou hoje aos Estados Unidos para que abordem esta possível opção de "forma saudável e responsável".
"O surgimento de tais sistemas [Tomahawk] significará uma mudança significativa, poder-se-ia até dizer qualitativa, na situação. Mas isso não afetará a nossa determinação em alcançar os nossos objetivos", afirmou à Ria Novosti.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho, segundo anunciou Putin na altura.
Desde então, declarou como anexadas as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.
A Rússia controla cerca de 20% do território da Ucrânia, que exige a retirada das tropas russas e a reposição das fronteiras de 1991, quando se tornou independente da União Soviética.
Moscovo recusa tais exigências e reclama que Kiev e os aliados ocidentais da Ucrânia têm de aceitar a nova realidade, numa referência à integração de territórios da Ucrânia na Federação Russa.
A Rússia critica o Ocidente por a NATO ter avançado com um programa de adesão de antigas repúblicas soviéticas que se tornaram estados independentes, o que considera uma ameaça à segurança do país.
Exige, por isso, que a Ucrânia e a Geórgia sejam impedidas de aderir à aliança de defesa ocidental, o que a NATO recusa.
Desconhece-se o número de mortos da guerra, mas diversas fontes admitem que serão centenas de milhares.
O conflito mergulhou a Europa na pior crise de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Criou preocupações de segurança em países como a Polónia ou os estados bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) e levou à adesão à NATO da Finlândia e da Suécia, dois países que tinham uma tradição de neutralidade.
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