O presidente norte-americano, Donald Trump, pediu à Turquia para convencer o Hamas a negociar a paz com Israel, afirmou hoje o chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan.
"Durante a nossa visita aos Estados Unidos e a nossa última conversa telefónica (...), ele pediu expressamente que nos encontrássemos com o Hamas e o convencêssemos", disse Erdogan a jornalistas turcos, segundo declarações transmitidas pela presidência.
"Entrámos rapidamente em contacto com os nossos homólogos (...), e o Hamas respondeu que estava pronto para a paz e para as negociações", disse Erdogan, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Erdogan lembrou que uma delegação turca, liderada pelo chefe dos serviços secretos, está a participar nas negociações indiretas em curso desde segunda-feira em Sharm el-Sheikh, no Egito, entre representantes israelitas e do Hamas.
"Há anos que lutamos para pôr fim ao derramamento de sangue em Gaza e garantir a segurança dos oprimidos. Estivemos em contacto com o Hamas ao longo de todo este processo e continuamos a estar", afirmou Erdogan.
"Na minha opinião, este é um passo importante", disse o Presidente turco, referindo-se às negociações no Egito entre israelitas e o grupo extremista palestiniano que controla Gaza desde 2007.
"Esperamos que Israel cumpra as suas promessas e não tome medidas para sabotar esta paz. Embora estejamos esperançosos por um cessar-fogo permanente e pela paz, também estamos cautelosos", admitiu Erdogan, citado pela agência de notícias turca Anadolu.
Erdogan reafirmou as acusações de genocídio contra Israel e disse que os que assistirem em silêncio ao que se passa em Gaza "ficarão registados nas páginas mais vergonhosas da história da humanidade".
"Não há perdão possível para isto", acrescentou.
Israel lançou uma ofensiva militar em Gaza depois de ter sofrido um ataque sem precedentes de milícias extremistas lideradas pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A ofensiva israelita contra o enclave já matou mais de 67.100 palestinianos, segundo as autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas.
Israel, que bloqueou a entrada de ajuda em Gaza, é alvo de acusações de genocídio e de usar a fome como arma de guerra, que nega.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apoiou publicamente a proposta de Trump quando se reuniram em Washington em 29 de setembro, embora tivesse esclarecido posteriormente que não aceitaria a criação de um Estado Palestiniano.
Netanyahu também disse depois de ter estado com Trump que as tropas israelitas permanecerão destacadas "na maior parte" da Faixa de Gaza, o que levantou dúvidas sobre a viabilidade da aplicação da proposta.
O plano, de 20 pontos, prevê a libertação dos reféns ainda em Gaza em troca de palestinianos presos em Israel, o desarmamento do Hamas, a retirada das forças israelitas e uma administração internacional transitória do território.
O Hamas disse que concordava com alguns dos pontos e queria negociar outros, o que está a acontecer desde segunda-feira no Egito, e anunciou hoje que já trocou com Israel listas de detidos a libertar.
Leia Também: Turquia acusa Israel de ato de pirataria por intercetar nova flotilha