"Há essa retoma de confiança da população em relação ao processo de governação. Portanto, nós acreditamos vivamente que se continuarmos nesse ritmo, nesse rumo, a estabilidade da paz, que nós almejamos, vai vingar", diz Aboobacar, em entrevista à Lusa.
Nas eleições gerais de 09 de outubro de 2024, a Frelimo, no poder desde 1975, voltou a conquistar a maioria no parlamento, elegeu todos os governadores de província e viu o seu candidato, Daniel Chapo, ser eleito o quinto Presidente da República de Moçambique.
Seguiram-se cerca de cinco meses de contestação nas ruas, protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nunca reconheceu a derrota, os quais marcaram o país, desde logo com um registo de quase 400 mortos, entre manifestantes e polícias, bem como paralisações, barricadas nas ruas, saque e destruição de empresas e instituições públicas.
Para o secretário-geral da Frelimo, a paz é agora um caminho sem retorno em Moçambique: "Sem dúvida. A paz é fundamental para tudo o que nós vamos fazer. Durante o percurso da 'Chama da Unidade Nacional' [no âmbito dos 50 anos da independência], durante as nossas visitas às províncias, a principal mensagem que recebemos dos moçambicanos é que queremos a paz. E a paz é fundamental para tudo, para o nosso desenvolvimento".
A Frelimo tem vindo a realizar ações de massas em vários pontos do país, retomando o contacto com a população após o período de agitação pós-eleitoral e Chakil Aboobacar afirma que ter encontrado no terreno estabilidade e pacificação.
"Já visitámos nove províncias e o sentimento com que ficámos depois daquelas manifestações violentas e ilegais é que o país está estável, as pessoas voltam a acreditar na paz, voltam a estar concentradas no processo de desenvolvimento do país, que é o mais importante", considera, assumindo ainda: "O país está bem, o país está em paz".
Ainda assim, os meses de violência pós-eleitoral não podem ser esquecidos e devem servir de lição, assume ainda o secretário-geral da Frelimo.
"Bom, a principal, a mais importante, é que a violência gera violência. Não é e nunca deve ser o caminho a ser seguido pelos moçambicanos para resolver as suas diferenças. É sempre importante manter o diálogo, mesmo em momentos de alta tensão, priorizar o diálogo como a ferramenta fundamental para encontrarmos consensos", aponta.
"O grande apelo é esse, é que os moçambicanos, como já é prática, tomem o diálogo como a fonte de inspiração para que se resolvam os seus problemas", conclui Aboobacar.
O Conselho Constitucional proclamou em 23 de dezembro, dois meses e meio após a votação, Daniel Chapo como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos nas eleições gerais de 09 de outubro, seguindo-se Venâncio Mondlane, com 24%, mas que nunca reconheceu os resultados.
A plataforma eleitoral Decide, organização da sociedade civil que monitoriza os processos eleitorais avançou em abril que pelo menos 388 pessoas foram mortas e mais de 800 baleadas em cerca de cinco meses de protestos pós-eleitorais, 90% dos quais "foram causados por disparos com recurso a balas reais".
Daniel Chapo e Venâncio Mondlane reuniram-se em Maputo, pela primeira vez desde as eleições, em 23 de março, e no dia seguinte o ex-candidato presidencial apelou ao cessar da violência, não se tendo registado casos de agitação social associados à contestação eleitoral desde então.
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