"O primeiro-ministro do Qatar irá amanhã de manhã [quarta-feira] a Sharm el-Sheikh [Egito] para se juntar às negociações em curso" no "quadro da intensificação dos esforços regionais e internacionais para alcançar um cessar-fogo permanente", escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, num comunicado publicado na rede social X.
As conversações terão como prioridade "o estabelecimento de um cessar-fogo, a troca de prisioneiros e a entrega de ajuda humanitária", disseram por sua vez fontes oficiais turcas, citadas pela agência estatal Anadolu, ao confirmarem a presença de Ibrahim Kalin.
Segundo a agência noticiosa turca, Kalin manteve contactos prévios com autoridades norte-americanas, egípcias, qataris e representantes do Hamas, antes do início das negociações.
As delegações do Hamas e de Israel estão a negociar no Egito, em conversações indiretas, o plano de paz de 20 pontos apresentado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, na semana passada, depois de receber na Casa Branca o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
O processo de mediação indireta entre Israel e o Hamas começou no Egito após uma ronda preparatória em Doha, na qual também participou uma delegação turca.
A Turquia mantém relações estreitas com o movimento islamita palestiniano, que se recusa a classificar como "terrorista", e acolhe frequentemente dirigentes da sua ala política.
Além da delegação turca e do Qatar, uma equipa norte-americana chefiada por Steve Witkoff, enviado especial da Casa Branca, está envolvida nas conversações, que visam acabar com a guerra na Faixa de Gaza.
A equipa do Hamas é chefiada por Khalil Al-Hayya, que, juntamente com outros dirigentes do movimento, sobreviveu a uma tentativa de assassínio por parte de Israel a 09 de setembro, em Doha, no Qatar.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apresentou depois, a partir da Casa Branca, desculpas ao seu homólogo do Qatar pelos ataques realizados no seu país.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Entre os sequestrados, 47 ainda estão detidos em Gaza, dos quais 25 foram declarados mortos pelo exército israelita.
A retaliação de Israel já provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.
A ofensiva israelita também destruiu quase todas as infraestruturas de Gaza e provocou a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
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