"Já o disse várias vezes e repito-o hoje com ainda mais urgência: libertem os reféns, incondicionalmente e imediatamente", pediu Guterres ao grupo extremista palestiniano no dia do segundo aniversário dos ataques que desencadearam a guerra em curso em Gaza.
"Acabemos com o sofrimento de todos. Esta é uma catástrofe humanitária de uma magnitude incompreensível. Deixem de fazer com que os civis paguem com as suas vidas e o seu futuro. Após dois anos de trauma, devemos escolher a esperança. Agora", afirmou.
Milícias extremistas lideradas pelo Hamas realizaram ataques sem precedentes no sul de Israel há dois anos, durante os quais assassinaram cerca de 1.200 pessoas e raptaram 251 que levaram como reféns para Gaza.
O exército israelita respondeu com uma ofensiva contra o Hamas no enclave controlado pelo grupo extremista desde 2007, que provocou mais de 67.100 mortos em dois anos e originou a acusação de genocídio contra Israel.
Representantes do Hamas e de Israel iniciaram na segunda-feira, no Egito, negociações indiretas sobre um plano proposto pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para acabar com o conflito.
O plano, de 20 pontos, prevê a libertação dos reféns ainda em Gaza, um cessar-fogo, o desarmamento do Hamas, a retirada das tropas israelitas e uma administração internacional transitória da Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, aceitou o plano e o Hamas disse que aceitava algumas das condições e pretendia negociar outras.
Na mensagem sobre os dois anos do ataque terrorista, citada pelas agências Europa Press e France-Presse, Guterres encorajou as partes a aproveitarem a proposta norte-americana pôr fim ao que qualificou como um "conflito trágico".
O antigo primeiro-ministro português disse ser necessário alcançar um cessar-fogo permanente e desenvolver um "processo político credível" no enclave palestiniano, de modo a evitar "mais derramamento de sangue" e abrir caminho à paz.
Neste sentido, recordou o firme compromisso da ONU em apoiar tais esforços.
Guterres evocou a "memória de todas" as vítimas e pediu unidade para alcançar uma "paz justa e duradoura, na qual israelitas, palestinianos e todos os povos da região possam viver lado a lado, em condições de segurança, dignidade e respeito mútuo".
"Neste dia, recordemos todos aqueles que foram assassinados e sofreram uma violência terrível. O horror daquele dia sombrio ficará para sempre gravado na memória de todos nós", afirmou.
O chefe da ONU denunciou também as "condições deploráveis" dos reféns que permanecem cativos em Gaza dois anos depois e lamentou a "dor insuportável" dos sobreviventes e familiares.
[Notícia atualizada às 10h44]
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