Na estância balnear egípcia no Sinai, as reuniões indiretas, que ocorrem na véspera do segundo aniversário do ataque do Hamas a Israel - o que desencadeou a ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza -, visam discutir o plano de Trump, que prevê um cessar-fogo no enclave palestiniano e a libertação dos reféns ainda mantidos em cativeiro pelo grupo extremista.
As autoridades egípcias mantêm grande discrição sobre a organização destas negociações, nas quais devem participar emissários norte-americanos encarregados de aplicar o plano apresentado por Trump a 29 de setembro.
"Peço a todos que avancem rapidamente", declarou Trump, depois de enviar para o Egito o seu emissário Steve Witkoff e o seu genro, Jared Kushner.
Apesar das negociações, os bombardeamentos israelitas prosseguem na Faixa de Gaza.
O plano de Trump prevê um cessar-fogo, a libertação, no prazo de 72 horas, dos reféns detidos em Gaza, a retirada faseada do exército israelita do território e o desarmamento do Hamas.
O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, anfitrião das negociações, saudou o plano de Donald Trump.
A equipa do Hamas é chefiada por Khalil Al-Hayya, que, juntamente com outros dirigentes do movimento, sobreviveu a uma tentativa de assassínio por parte de Israel a 09 de setembro, em Doha, no Qatar.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apresentou depois, a partir da Casa Branca, desculpas ao seu homólogo do Qatar pelos ataques realizados no seu país.
Segundo um alto responsável do Hamas, a delegação do movimento extremista palestiniano reuniu-se hoje de manhã, mas no Cairo, com os mediadores egípcios e qataris, antes do início das negociações diretas.
Estas conversações "incidirão sobre as modalidades do cessar-fogo, da retirada das forças israelitas (de Gaza) e da troca" de reféns por prisioneiros palestinianos detidos por Israel, precisou a mesma fonte à agência francesa AFP.
No domingo, o Hamas manifestou vontade de "iniciar imediatamente o processo de troca".
O movimento exigiu "a paragem de todas as operações militares israelitas na Faixa de Gaza", segundo uma fonte próxima do processo. O Hamas "porá fim às suas operações militares" ao mesmo tempo, referiu ainda a mesma fonte.
Na resposta ao plano Trump, o Hamas declarou na sexta-feira estar disposto a libertar todos os reféns "para pôr fim à guerra e garantir a retirada total de Israel de Gaza".
O grupo não abordou a questão do seu desarmamento -- ponto-chave do plano --, sublinhando ainda que pretende participar nas discussões sobre o futuro de Gaza, apesar de a proposta norte-americana excluir qualquer papel do Hamas "na governação do território".
Reconhecido aliado do Presidente norte-americano, Netanyahu afirmou apoiar o plano Trump, mas esclareceu que o seu exército permanecerá na maior parte da Faixa de Gaza, que controla em cerca de 75%. Reiterou também a necessidade de desarmar o Hamas.
No caso de fracasso das negociações, "retomaremos o combate", advertiu no domingo o chefe do Estado-Maior israelita, Eyal Zamir.
Os esforços dos mediadores (Estados Unidos, Egito e Qatar) não conseguiram até agora alcançar um cessar-fogo duradouro em Gaza.
Duas tréguas anteriores, em novembro de 2023 e no início de 2025, permitiram o regresso de reféns ou a recuperação de corpos em troca de prisioneiros palestinianos.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.
A ofensiva israelita também destruiu quase todas as infraestruturas de Gaza e provocou a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
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