Na sequência de uma conversa telefónica com o homólogo venezuelano, Yván Gil, hoje realizada, Lavrov "condenou veementemente o novo ataque levado a cabo pelas forças norte-americanas a 03 de outubro contra um navio em águas internacionais perto da Venezuela", que fez quatro mortos.
Os dois ministros manifestaram profunda preocupação com a escalada das ações de Washington nas Caraíbas, "com consequências graves para a região", segundo um comunicado divulgado pelo gabinete de Lavrov, citado pela agência espanhola de notícias Efe, no termo da conversa entre ambos.
Segundo o comunicado, Rússia e Venezuela temem que os Estados Unidos queiram "interpretar de forma ampla a resolução recentemente adotada pelo Conselho de Segurança da ONU, para reorganizar a Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti numa Força de Supressão de Gangues".
Segundo a diplomacia russa, esta interpretação procura "concentrar a atenção no combate ao narcotráfico venezuelano, que supostamente alimenta o crime organizado na região".
Lavrov e Gil concordaram em manter uma estreita cooperação bilateral e coordenar ações em fóruns internacionais, principalmente na ONU.
Os Estados Unidos mantêm pelo menos oito navios de guerra e um submarino de ataque rápido perto da costa venezuelana sob o pretexto de combater o narcotráfico, mas Caracas denuncia-o como uma tentativa de promover uma "mudança de regime" e impor "governos fantoches".
No Telegram, Gil informou que, no âmbito da presidência russa do Conselho de Segurança da ONU, falou por telefone com Lavrov, a quem informou que "setores políticos dos Estados Unidos" procuram "justificar uma deslocação militar" e colocar "a estabilidade do continente em risco".
"Recebemos a plena manifestação de apoio e solidariedade do governo russo à Venezuela, assim como o seu compromisso de preservar a América Latina e as Caraíbas como Zona de Paz", afirmou Gil.
Na passada terça-feira, o parlamento venezuelano, controlado pelas forças chavistas, aprovou um projeto de parceria estratégica e cooperação entre o país sul-americano e a Rússia, embora não tenham sido adiantados detalhes.
Em 18 de setembro, o parlamento de Caracas realizou a sua primeira discussão sobre este projecto, que foi apresentado, segundo o representante chavista Roy Daza, num contexto que "tem a ver com o novo momento da geopolítica mundial".
Daza afirmou então que o tratado "exige" um "diálogo político de alto nível" em termos de cooperação, assim como "o direito internacional, o respeito pela soberania, a solução pacífica de controvérsias, o respeito pelos direitos humanos e a autodeterminação dos povos".
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