Questionado numa entrevista por mensagem de texto sobre quais seriam as consequências se o Hamas insistisse em manter-se no poder no enclave, Trump respondeu com um sucinto: "Aniquilação total!".
Sobre o compromisso do Hamas, que aceitou libertar os reféns israelitas em Gaza como parte da primeira fase do plano de paz de Trump, o presidente indicou que "só o tempo dirá".
Na troca de mensagens, ocorrida este sábado antes de Trump anunciar que Israel concordou com uma linha inicial de retirada das suas posições na Faixa de Gaza, o presidente norte-americano afirmou que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, concorda em suspender os bombardeamentos e apoia a sua visão para o enclave devastado.
Trump indicou que "em breve" teria mais informações sobre as intenções do Hamas e acrescentou que espera que a sua proposta de cessar-fogo em Gaza se concretize, entrando em vigor após a entrega de todos os reféns israelitas em troca de prisioneiros palestinianos.
No sábado, o presidente norte-americano advertira o Hamas de que "não tolerará atrasos" que possam comprometer o acordo de paz em Gaza.
Hoje, Trump considerou que este "é um grande acordo para Israel, para todo o mundo árabe, o mundo muçulmano e o mundo inteiro", em respostas à imprensa na Casa Branca antes de partir para uma comemoração dos 250 anos da Marinha dos Estados Unidos no estado vizinho da Virgínia.
Sobre a libertação de reféns, afirmou que as delegações de Israel e do Hamas, com a mediação do Egito, do Qatar e dos EUA, se encontram "neste momento a negociar".
"As negociações começaram nos últimos dias. Veremos como será o resultado. Mas, pelo que entendi, estão a correr muito bem", acrescentou sobre o diálogo, que deve começar, oficialmente, segunda-feira, no Cairo.
A proposta de 20 pontos de Trump prevê, numa primeira fase, uma troca dos 48 reféns, vivos e mortos, por prisioneiros palestinianos, após o que haveria um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, onde mais de 66.000 pessoas morreram em quase dois anos de guerra.
O plano inclui a formação de um governo de transição para Gaza, supervisionado por si e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, além da possibilidade de negociar no futuro um Estado palestiniano, ao qual o governo israelita se opõe.
O Hamas exigiu negociar alguns pontos da proposta, tendo o primeiro-ministro israelita respondido que o grupo "tem de aceitar [o plano] na totalidade".
"Não alimentem o crocodilo, porque ele virá atrás de vocês", afirmou Netanyahu numa entrevista ao canal Euronews, referindo-se aos líderes europeus, salientando que agora "é responsabilidade do Hamas" aceitar o acordo proposto pelos EUA e apoiado por Israel, devolvendo os reféns que ainda tem em seu poder.
Se o Hamas se recusar a aceitar o plano na íntegra, Netanyahu advertiu que Washington apoiará totalmente Israel nos seus esforços para pôr fim militar ao conflito.
"Esperemos que possamos terminar isto de forma pacífica e não pela via da violência", afirmou na entrevista concedida ao canal com sede em Lyon, França, dois dias antes do aniversário dos ataques do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que mataram 1.200 pessoas.
O Hamas anunciou esta sexta-feira que aceita libertar todos os reféns israelitas nos termos expressos por Trump, mas pediu para negociar alguns dos pontos da proposta através de mediadores.
O acordo "pode ser o início do fim da guerra", observou Netanyahu, argumentando que a razão pela qual o Hamas o aceita é por ter percebido que o fim do movimento "está próximo" na sequência das operações militares de Israel.
O político israelita mostrou-se muito crítico em relação aos líderes europeus devido à recente onda de reconhecimentos do Estado palestiniano em resposta ao massacre e à crise humanitária em Gaza, considerando mesmo que foi uma "recompensa definitiva ao Hamas após o maior massacre contra judeus desde o Holocausto", numa alusão ao atentado de 2023.
Para o primeiro-ministro de Israel, a Europa "cedeu ao terrorismo do Hamas" e à "propaganda", devido às informações publicadas pelos media internacionais sobre a catástrofe humanitária em Gaza, onde se estima mais de 67 mil palestinianos mortos em dois anos de guerra, na maioria civis.
"Espero que a Europa mude de rumo", disse Netanyahu, alegando que o seu governo está "a travar a batalha do mundo livre, para impedir que os bárbaros invadam a Europa".
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