O país do Cáucaso, em plena crise política, dividido entre a União Europeia (UE) e a Rússia, viu o partido Sonho Georgiano, do primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze, obter mais de 80% dos votos depois de terem sido apuradas quase 75% das mesas de voto, segundo a Comissão Eleitoral.
Este foi o primeiro teste para o partido, acusado de procurar a aproximação a Moscovo, desde as eleições legislativas de outubro de 2024, que venceu oficialmente, mas cujo resultado é contestado pela oposição.
Dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia, agitando bandeiras do país e da União Europeia, reuniram-se na Praça da Liberdade, na capital, Tbilissi, ao início da noite.
"Estamos aqui para proteger a nossa democracia, que o Sonho Georgiano está a destruir", explicou Natela Gvakharia, de 77 anos, à AFP.
Apesar da sua natureza local, as eleições apresentam grandes desafios políticos num contexto de pressão sobre a imprensa independente e de controlo da sociedade civil.
Segundo organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos, cerca de sessenta opositores, jornalistas e ativistas foram presos no espaço de um ano.
No sábado, os manifestantes marcharam em direção ao palácio presidencial, onde alguns tentaram entrar brevemente, sem sucesso, observou a AFP, enquanto outros ergueram barricadas e as incendiaram.
A manifestação dissolveu-se pouco depois da meia-noite.
No poder desde 2012, o Sonho Georgiano apresentou-se inicialmente como uma alternativa liberal ao ex-Presidente Mikheil Saakashvili, um reformista pró-europeu que governou o país durante quase dez anos a partir de 2004 e se exilou na Ucrânia após a sua queda.
Mas, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, o partido tem sido acusado de tendências autoritárias e de procurar a aproximação a Moscovo. O partido tomou medidas anti-LGBT e aprovou uma lei sobre "agentes estrangeiros", criticada pela UE. O processo de adesão da Geórgia à UE foi suspenso.
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