Num artigo do semanário judaico-britânico The Jewish Chronicle, o primeiro-ministro do Reino Unido afirmou que os protestos planeados para os próximos dias, antes do segundo aniversário dos ataques do Hamas em Israel em 07 de outubro e à sombra do recente ataque em Manchester, "vão causar angústia".
"Peço àqueles que ponderam protestar este fim de semana que reconheçam e respeitem a dor dos judeus britânicos. Este é um momento de luto. Não é um momento para atiçar tensões ou causar mais dor", apontou.
Starmer realçou que, embora o protesto pacífico seja essencial numa democracia e exista "preocupação justificável com o sofrimento em Gaza", uma minoria tem usado estas manifestações como pretexto para inflamar "clichés antissemitas".
"Isto não começou a 07 de outubro. Mas não há como negar que o impacto dos acontecimentos mundiais afetou as comunidades judaicas aqui no Reino Unido", alertou.
"O antissemitismo está em ascensão", acrescentou o líder britânico, referindo que, nos últimos anos, as lojas judaicas foram vandalizadas e profanadas, e edifícios como sinagogas precisam de ser monitorizados 24 horas por dia, pois sabem que a ameaça do ódio antissemita "é real e perigosa".
As declarações de Starmer surgiram um dia depois do sírio-britânico de 35 anos Jihad Al-Shamie ter executado um ataque terrorista contra uma sinagoga de Manchester no dia sagrado do Yom Kippur, que fez dois mortos --- além do próprio Al-Shamie --- e três feridos graves.
"Um ataque tão horrível como este recorda-nos os perigos que os judeus enfrentam simplesmente por serem quem são", vincou Starmer.
A ministra do Interior britânica, Shabana Mahmood, chegou a apelidar hoje os protestos pró-palestinianos que decorreram em Londres na quinta-feira para denunciar a decisão de Israel de travar a flotilha que transportava ajuda humanitária para Gaza, de antibritânicos.
Entretanto, a "Defend Our Juries", organizadora da marcha agendada para sábado em Londres em apoio do grupo ativista pró-palestiniano "Palestine Action", recentemente proibido no Reino Unido, avançará como planeado, apesar da pressão do Governo e da polícia da capital britânica.
Os incidentes antissemitas registados no Reino Unido aumentaram acentuadamente desde o ataque do Hamas a Israel, a 07 de outubro de 2023, e a subsequente guerra de Israel contra o grupo islamita Hamas em Gaza, de acordo com o grupo de defesa dos judeus britânicos Community Security Trust.
Mais de 1.500 incidentes foram reportados no primeiro semestre deste ano, o maior número registado em seis meses depois do recorde estabelecido no mesmo período do ano anterior.
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