No entanto, um dos seus líderes do Hamas, Mohamed Nazzal, sublinhou que o grupo "não aceita ameaças, ditames ou pressões", após pressão de governos e instituições internacionais para aceitar a proposta.
Numa entrevista à televisão do Qatar Al Jazeera, transmitida na quinta-feira, Nazzal explicou que a resposta do Hamas "não será adiada" e terá em conta os interesses dos palestinianos e as questões estratégicas e políticas.
O dirigente insistiu que o movimento "não aceita a lógica das ameaças, imposições e pressões brandidas como uma espada de Dâmocles" e reiterou o compromisso com a obtenção de um acordo, considerando que "tempo é sangue".
A guerra declarada por Israel em Gaza para erradicar o Hamas - horas após um ataque a território israelita com cerca de 1.200 mortos e 251 reféns - fez, até agora, pelo menos 66.225 mortos e 168.938 feridos, na maioria civis, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Nazzal indicou ter muitas observações relativamente ao plano, que chegou ao Hamas na noite de segunda-feira, e defendeu o direito do Hamas de expressar opiniões sobre o plano, num contexto de "diálogo e debate".
O dirigente rejeitou ainda a ideia de que uma trégua implique uma renúncia aos direitos dos palestinianos.
Na quinta-feira à noite, a televisão britânica BBC avançou que o líder da ala militar do Hamas em Gaza, Izz al-Din al-Haddad, indicou aos mediadores para um cessar-fogo que não concorda com o plano de Donald Trump.
Al-Haddad disse acreditar que o plano foi elaborado para acabar com o Hamas, independentemente de o movimento islamita palestiniano o aceitar ou não, e que, por isso, está determinado a continuar a lutar.
O plano de 20 pontos do Presidente norte-americano para pôr fim à guerra no enclave, que já foi aceite por Israel, estipula que o Hamas se desarme e não tenha qualquer papel futuro no governo de Gaza.
A BBC noticiou ainda que parte da liderança política do Hamas no Qatar estará aberta a aceitar o plano com ajustes, mas que descobriu que a sua influência é limitada, uma vez que não tem controlo sobre os reféns detidos pelo grupo.
Acredita-se que 48 reféns ainda estão detidos em território palestiniano pelo grupo armado, dos quais apenas 20 estão vivos.
A estação britânica noticiou ainda que apesar da garantia de Trump de que Israel cumpriria os termos, há uma falta de confiança dentro do grupo islamita de que Telavive não retomaria as suas operações militares depois de receber os reféns.
A desconfiança é assente especialmente na recente tentativa israelita de assassinar a liderança do Hamas em Doha num ataque aéreo no mês passado, contra a vontade dos EUA.
Alguns dirigentes do Hamas opõem-se também ao envio, por parte dos EUA e dos países árabes, daquilo que o plano descreve como "uma Força Internacional de Estabilização temporária" para Gaza, que veem como uma nova forma de ocupação, frisou ainda a BBC.
Outro ponto de relutância por parte dos palestinianos é que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, parece ter rejeitado vários dos termos do acordo lançado por Trump.
Num vídeo partilhado na rede social X, insistiu que os militares israelitas poderiam permanecer em partes de Gaza e que Israel afirmou que "resistiria à força" a um Estado palestiniano.
Isto vai contra os termos da estrutura norte-americana, que estipula que as forças israelitas retirariam completamente.
O documento refere ainda que, uma vez concluído o plano, poderá existir um "caminho fiável para a autodeterminação e a criação de um Estado palestiniano".
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