"Com indignação, condenamos categoricamente o ato perverso e desumano de lançar fogos-de-artifício a partir do El Helicoide para celebrar o Natal", explica a Plataforma Unitária Democrática (PUD), a principal aliança opositora da Venezuela em um comunicado divulgado nas redes sociais.
No documento a PUD explica que "esse lugar não é um símbolo de festa: é o centro de tortura e detenções ilegais da Venezuela, onde centenas de presos políticos são vítimas de tratamentos cruéis e da violação sistemática dos direitos humanos".
O cárcere de El Helicoide é conhecido na Venezuela como o principal centro de detenção do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin, serviços de informações) e frequentemente referenciado na imprensa local como um centro de desaparições, torturas e isolamento prolongado, que acolhe centenas de presos políticos e cujas denuncias estão sob investigação do Tribunal Penal Internacional.
Dados da organização não-governamental Foro Penal (FP) dão conta de que em 29 de setembro de 2025 a Venezuela tinha 838 presos por motivos políticos.
Do total de presos políticos, 735 são homens e 103 mulheres, 665 militares e 173 civis, que são acusados de vários crimes, incluindo terrorismo e traição à pátria.
Entre os presos políticos, segundo o FP, encontram-se cinco cidadãos portugueses com dupla nacionalidade.
A maioria dos presos políticos foram detidos após as eleições presidenciais de junho de 2024, cujos resultados a oposição contesta.
Desde 2014, o Fórum Penal registou 18.503 casos de detenções por motivos políticos na Venezuela.
Em 9 de setembro último o presidente Nicolás Maduro, anunciou que anteciparia o início das festividades do Natal no país a partir de 01 de outubro, à semelhança do que fez em 2024.
"Vamos decretar, a partir de 01 de outubro, começa o Natal na Venezuela novamente, este ano também. Este ano, o Natal começa a 01 de outubro, com alegria, comércio, atividades, cultura, canções natalícias, gaitas, 'hallacas' [comida típica da estação]", anunciou no programa "Com Maduro +", das estações públicas de rádio e televisão da Venezuela.
"Esta é a forma de defender o direito à felicidade, o direito à alegria. Nada nem ninguém neste mundo nos tirará o direito à felicidade", sublinhou.
O Presidente venezuelano decretou a "antecipação" das festividades do Natal em várias ocasiões desde que chegou ao poder em 2013.
No ano passado, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) reagiu à antecipação das festividades natalícias decretada por Maduro rejeitando o uso político do Natal.
"O Natal é uma celebração universal. O modo e o tempo da sua celebração são da competência da autoridade eclesiástica. Esta festividade não deve ser utilizada para fins propagandísticos ou políticos", explicou a CEV num comunicado divulgado um dia após o anúncio, no início de setembro.
A estratégia de antecipar as festas de Natal por decreto, dois meses antes de dezembro, é vista como uma tentativa de desviar a atenção da profunda crise social, económica e política que afeta a Venezuela.
Desde quarta-feira que um importante número de lojas e centros comerciais de Caracas apresentam já adornados e inclusive várias lojas e praças apresentam luzes e adornos típicos da qual do Natal.
A antecipação do Natal ocorre em momentos em que os Estados Unidos enviaram barcos de guerra e tropas para o Caribe, numa alegada operação contra o narcotráfico.
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