"Após a interceção ilegal de dezenas de barcos da flotilha 'Global Sumud' na noite passada e esta manhã, a Adalah recebeu telefonemas de participantes a relatar que as autoridades de imigração já iniciaram audiências de deportação e mandados de captura contra eles no porto de Ashdod", afirmou o grupo, em comunicado.
Os advogados salientaram que "estes procedimentos foram iniciados sem aviso prévio aos seus advogados e que foi negado aos participantes o acesso a aconselhamento jurídico".
Isto "constitui uma grave violação do devido processo legal e é uma negação dos direitos fundamentais dos participantes [da flotilha]", consideraram, tendo sublinhado que continuarão a procurar ter acesso aos detidos para "tomar as medidas legais necessárias".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel tinha declarado que os ativistas estavam a ser transferidos "em segurança" para Israel, "de onde terá início o processo de deportação para a Europa", após o que enfatizou que nenhum dos barcos conseguiu romper o "bloqueio naval" de Gaza.
"A provocação acabou", concluiu o Governo de Telavive.
Entre os membros detidos da flotilha estão quatro portugueses - a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício, o ativista Miguel Duarte e uma quarta pessoa cujo nome não foi ainda divulgado.
Também foram detidos 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 11 brasileiros e 10 franceses, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre muitos outros.
De acordo com a lei israelita, uma vez detidos, os membros da flotilha podem ser deportados 72 horas após a emissão da ordem.
Podem também aceitar a expulsão voluntariamente, como aconteceu com quatro dos 12 ativistas a bordo de uma embarcação intercetada por Israel em junho.
Os organizadores da flotilha por Gaza denunciaram a falta de informação sobre o paradeiro de 443 participantes da missão humanitária.
A missão classificou a operação de Israel como "novos atos de agressão contra civis desarmados" e afirmou que os voluntários foram "atacados com canhões de água" e "borrifados com água contaminada".
A flotilha pretendia entregar ajuda à população da Faixa de Gaza, romper o cerco de Israel ao território palestiniano e abrir um corredor humanitário permanente.
A ofensiva israelita em Gaza já matou mais de 66.100 palestinianos, incluindo 151 crianças vítimas de fome e desnutrição, segundo as autoridades controladas pelo Hamas.
Seguiu-se ao ataque do Hamas em Israel de há dois anos, que causou 1.200 mortos e 251 reféns, de acordo com as autoridades israelitas.
Israel é acusado de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, acusações que nega.
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