"Este ataque do governo israelita contra civis que navegam em águas internacionais demonstrou mais uma vez a loucura com que os seus quadros genocidas tentam ocultar os seus crimes contra a humanidade em Gaza", afirmou Erdogan.
"[O ataque] revela mais uma vez a brutalidade de Israel", insistiu o chefe de Estado turco, que falava numa reunião com dirigentes provinciais do seu partido, o AKP, considerou que a intervenção das forças israelitas "demonstra, mais uma vez, a demência com que os seus responsáveis genocidas procuram encobrir os crimes contra a humanidade".
Entretanto, o Ministério Público de Istambul anunciou hoje a abertura de um inquérito após a detenção de cidadãos turcos a bordo da frota humanitária com destino a Gaza, durante a intervenção das forças israelitas.
Num comunicado citado pela comunicação social turca, a Procuradoria-Geral de Istambul especifica que o inquérito diz respeito a 24 cidadãos turcos "detidos após o ataque levado a cabo por elementos da Marinha israelita, em águas internacionais, contra a flotilha, que se dirigia para Gaza para transportar ajuda humanitária".
Segundo os meios de comunicação turcos, 40 cidadãos turcos, não 24, foram detidos durante as operações e levados pelas forças israelitas, com vista à sua expulsão para a Europa.
O procurador de Istambul invocou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e indicou que conduz o inquérito por "crimes de privação de liberdade, desvio ou detenção de meios de transporte, pilhagem agravada, danos materiais e tortura".
Na quarta-feira à noite, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco tinha denunciado "um ato de terrorismo" por parte de Israel e manifestado "a esperança de que este ataque não comprometa os esforços em curso para alcançar um cessar-fogo em Gaza".
O chefe da diplomacia turca garantiu hoje ter tomado "as medidas necessárias para assegurar a proteção consular" dos cidadãos turcos a bordo dos navios.
Entretanto, Israel declarou hoje como concluída a operação de interceção da flotilha, cujos elementos deteve, incluindo quatro portugueses.
"Nenhum dos barcos de provocação do Hamas-Sumud conseguiu entrar numa zona de combate ativa nem violar o bloqueio naval legal", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, num comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O Governo israelita acusa os participantes da flotilha de serem coniventes com o grupo extremista palestiniano Hamas, que considera como uma organização terrorista, daí a associação dos dois nomes.
Entre os membros detidos da flotilha estão quatro portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte, bem como Diogo Chaves, cujo nome só hoje foi confirmado à agência Lusa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Também foram detidos 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 11 brasileiros e 10 franceses, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre muitos outros.
De acordo com a lei israelita, uma vez detidos, os membros da flotilha podem ser deportados 72 horas após a emissão da ordem. Podem também aceitar a expulsão voluntariamente, como aconteceu com quatro dos 12 ativistas a bordo de uma embarcação intercetada por Israel em junho.
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