Keir Starmer classificou hoje as ações de agentes da polícia, filmadas por um jornalista com uma câmara oculta e divulgadas pela televisão pública BBC, como chocantes, exigindo que tenham uma resposta forte e imediata.
O chefe da polícia da Polícia Metropolitana de Londres (Met), Mark Rowley, nomeado em 2022 após um caso semelhante ter levado à demissão do seu antecessor, pediu desculpa pelo comportamento "repugnante e criminoso" dos 12 polícias implicados nesta reportagem do programa "Panorama" da BBC.
"O comportamento retratado neste programa é repreensível e completamente inaceitável", condenou antes mesmo da divulgação da reportagem na íntegra na noite de quarta-feira.
O jornalista Rory Bibb passou sete meses, entre junho de 2024 e janeiro de 2025, a trabalhar como agente prisional civil na ala de detenção da esquadra de Charing Cross, no centro de Londres.
As imagens da sua câmara oculta mostram, por exemplo, um polícia a dizer que os imigrantes ilegais merecem "um tiro na cabeça", outro a descrever com entusiasmo como um polícia esmurrou um recluso que estava a ser imobilizado por outros polícias e um sargento a questionar com desprezo o testemunho de uma mulher grávida que acusou o marido de a violar e espancar.
Nove polícias e um outro funcionário já foram suspensos, enquanto outros dois foram afastados do serviço assim que a BBC tornou públicas algumas imagens da reportagem, disse Mark Rowley, afirmando que "lamenta sinceramente" os atos da polícia e garantindo querer combater um "legado tóxico".
Em entrevista à BBC, o chefe da polícia de Londres reconheceu que qualquer pessoa que tenha assistido às imagens terá ficado "chocada e indignada (...) com o racismo, a misoginia e a satisfação em usar força excessiva" por parte dos polícias envolvidos.
A Polícia Metropolitana viu a sua reputação manchada por vários casos nos últimos anos, incluindo o rapto, violação e homicídio de uma mulher de 33 anos, Sarah Everard, em 2021 por um polícia que foi depois condenado a prisão perpétua.
Quase dois anos depois, um polícia londrino foi condenado a prisão perpétua por dezenas de violações e outras agressões sexuais contra 12 mulheres, cometidas ao longo de um período de cerca de 20 anos.
Nos últimos anos, foram ainda condenados vários agentes por tirarem fotografias a vítimas de homicídio ou trocarem mensagens racistas ou violentas em grupos de mensagens.
Além destes casos de grande impacto, vários relatos denunciaram comportamentos racistas, homofóbicos e misóginos dentro da força policial.
Quando tomou posse do cargo, o chefe da Met lançou grandes reformas e fez uma "grande limpeza" de polícias acusados de má conduta, endurecendo também o processo de recrutamento.
Embora tenha reconhecido a existência de "falhas sistémicas, culturais, de gestão e regulamentares", Rowley garantiu na quarta-feira que a Polícia Metropolitana está a realizar "a maior operação anticorrupção da História da polícia britânico".
A equipa que trata da vigilância dos detidos na Esquadra de Charing Cross - considerado o verdadeiro centro de Londres - foi dissolvida, tendo Mark Rowley adiantado que "quase 1.500 polícias e outros funcionários que não cumpriam os padrões" das autoridades foram despedidos nos últimos três.
Cerca de 40.000 pessoas trabalham na Polícia Metropolitana de Londres.
Leia Também: Starmer falou com Emirados e Koweit sobre plano de Trump para Gaza