De acordo com a prefeitura de Inezgan-Ait Melloul, os agentes da polícia abriram fogo, na quarta-feira, para repelir os atacantes, que tentaram apoderar-se munições, equipamento e armas de serviço dos agentes.
Os agentes "foram obrigados a usar as suas armas de serviço na noite de quarta-feira, 01 de outubro de 2025, em legítima defesa para repelir um ataque e assalto a uma esquadra de polícia", afirmaram as autoridades.
A prefeitura detalhou que as vítimas mortais participou inicialmente num motim com um grupo de pessoas, que atiraram pedras e invadiram a esquadra, mas que os agentes marroquinos conseguiram dispersar com recurso a gás lacrimogéneo.
"No entanto, os agressores, reforçados por um grande grupo de manifestantes, voltaram a atacar o posto (...), armados com facas", segundo as autoridades locais, que indicaram que os agressores conseguiram apoderar-se de um automóvel e quatro motociclos.
O veículo e parte do edifício da esquadra foram incendiados, explicou a prefeitura, acrescentando que os atacantes tentaram confiscar munições e armas aos gendarmes.
As autoridades informaram que o Ministério Público de Marrocos abriu um inquérito ao incidente para esclarecer as circunstâncias, identificar os envolvidos e determinar as consequências legais.
Na quarta-feira, as autoridades marroquinas anunciaram que mais de 400 pessoas foram detidas e quase 290 ficaram feridas durante os protestos para exigir ao Governo reformas nos setores da educação e da saúde.
As mobilizações, convocadas pelos grupos "GenZ 212" e "Morocco Youth Voice", apartidários, reuniram milhares de pessoas em mais de uma dezena de cidades para denunciar a corrupção e criticar as verbas atribuídas pelo Governo a eventos desportivos -- incluindo a organização do Mundial de Futebol de 2030 -- face à situação crítica dos serviços de educação e saúde e à taxa de desemprego no país.
Entre as exigências estão a melhoria da qualidade educativa, a formação e a melhoria das condições laborais dos docentes, bem como a universalidade da cobertura de serviços de saúde e a modernização dos centros hospitalares. O acesso a medicamentos a preços acessíveis é outra das reivindicações.
Além disso, os jovens exigem a luta contra a corrupção a todos os níveis do Governo, justiça social e económica, igualdade de oportunidades, criação de emprego jovem e apoio a pequenas empresas.
As manifestações, as mais participadas em Marrocos desde os protestos que abalaram a região do Rif entre 2016 e 2017, começaram no fim de semana, após os apelos dos dois grupos, que defenderam protestos "pacíficos e civilizados", convocados através de plataformas como Instagram, TikTok e Discord.
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