De acordo com o inquérito, relativo ao ano de 2024, houve progressos comparativamente com os resultados dos inquéritos anteriores, mas as comunidades cigana e nómada continuam a enfrentar pobreza, discriminação e segregação.
Segundo a agência, embora se verifique uma melhoria em áreas como o acesso ao emprego, à habitação e à educação, "as disparidades em relação à população em geral permanecem profundas" e muitos países da UE dificilmente cumprirão as metas de inclusão definidas para 2030.
De acordo com os dados, 70% dos ciganos e nómadas vivem em situação de pobreza, uma redução face aos 80% registados em 2016, mas continuam a ser quatro vezes mais afetados pela privação económica do que a população em geral, sendo as crianças as mais atingidas.
Na habitação, 47% vivem em casas húmidas, escuras ou sem saneamento adequado, menos do que os 61% de 2016, mas ainda muito acima da média europeia (18%). A sobrelotação continua a ser um problema grave, com 83% a viverem em casas sem quartos suficientes.
O estudo revela ainda que 31% da comunidade enfrenta discriminação devido à origem étnica, percentagem semelhante à de 2016, e 36% dizem ter sofrido discriminação quando procuravam emprego - mais do dobro de há nove anos.
Apesar de 54% terem atualmente trabalho remunerado, contra 43% em 2016, os níveis de emprego continuam muito abaixo da média europeia (75%), com um fosso acentuado entre homens (69%) e mulheres (38%).
No setor da educação, 53% das crianças ciganas e nómadas frequentam a educação pré-escolar, contra 42% em 2016, mas ainda muito abaixo da média europeia (95%). Apenas 32% concluem o ensino secundário superior, em comparação com 84% da população em geral. A segregação escolar permanece elevada: 46% das crianças frequentam escolas onde a maioria dos alunos é da mesma etnia.
A saúde é outra área crítica: os homens vivem em média menos oito anos e as mulheres menos 7,4 anos do que o resto da população dos países analisados.
Apesar de uma maior consciência sobre os organismos de igualdade, apenas 6% denunciam situações de discriminação, número inferior aos 16% registados em 2016.
Para a FRA, os resultados mostram que apenas as metas relacionadas com o emprego têm hipóteses de ser cumpridas até 2030. Os maiores desafios mantêm-se no combate ao anticiganismo, à pobreza, à discriminação e à segregação escolar, bem como na criação de mais oportunidades justas para mulheres e jovens.
A agência defende que os países da União Europeia devem reforçar as medidas de apoio direcionado, nomeadamente programas educativos e de formação, capazes de melhorar as perspetivas de emprego e reduzir desigualdades estruturais que continuam a marcar a vida de milhares de ciganos e nómadas em todo o espaço europeu.
O inquérito da FRA é relativo a 2024 e envolveu 10 Estados-membros, entre Bulgária, Chéquia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Espanha e outros três países em vias de adesão: Albânia, Macedónia do Norte e Sérvia.
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