"A grande maioria dos Estados-membros ressaltou que o mundo precisa da ONU, também pelos próximos 80 anos, e comprometeram-se a reformar esta instituição. Portanto, vimos um forte empenho em reformar esta instituição, em salvá-la", afirmou Baerbock numa conferência de imprensa de balanço da semana de alto nível da 80.ª Assembleia-Geral da ONU (UNGA80, sigla em inglês).
Frequentemente considerado obsoleto, o Conselho de Segurança da ONU é um dos principais alvos de pedidos de reforma e expansão há décadas, com países emergentes como a Índia, África do Sul e Brasil a pretenderem juntar-se aos cinco membros permanentes.
Em geral, quase todos os países da ONU consideram necessário reformar o Conselho de Segurança, mas não há acordo sobre como fazê-lo, com diferentes propostas na mesa há anos, sendo que algumas englobam uma representação africana permanente no Conselho.
Ao longo dos anos, o poder de veto tem sido uma das questões mais polémicas e alvo de vários pedidos de modificação. Esse tem sido, aliás, o mecanismo usado pela Rússia para impedir que o Conselho de Segurança atue contra si face à guerra em curso na Ucrânia e usado pelos Estados Unidos para travar resoluções contra o seu aliado Israel.
Annalena Baerbock, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, destacou também hoje que a situação na Faixa de Gaza foi "um dos resultados mais importantes" da semana de alto nível da ONU, uma vez que se registaram níveis de apoio sem precedentes --- não apenas para a solução de dois Estados (Palestina e Israel) --- mas também para a segurança de israelitas e palestinianos.
"Durante os debates, também pudemos ver que a questão mais urgente é a paz e a segurança", acrescentou Annalena Baerbock, a quinta mulher a ocupar a presidência da Assembleia-Geral da ONU.
Cerca de 190 líderes mundiais falaram no púlpito da Assembleia-Geral durante a semana de alto nível, ressaltando a relevância da ONU como uma forma de "seguro de vida" para muitos países em desenvolvimento, defendeu Annalena Baerbock.
A ex-ministra alemã enfatizou que a alta participação mostrou que o mundo ainda vê a ONU como um fórum único para a diplomacia global.
"Se alguém tivesse alguma dúvida sobre se esta organização ainda importa ou ainda é relevante, puderam ver o quão lotada a sala estava", disse, referindo-se à Assembleia-Geral.
Baerbock descreveu a ONU como um lugar de "debates acalorados sobre os tópicos mais importantes", mas assinalou que essas trocas são um sinal da vitalidade da organização, não de fraqueza.
A 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU foi inaugurada sob o tema "Melhor Juntos: 80 Anos e Mais pela Paz, Desenvolvimento e Direitos Humanos".
Ao longo da semana, 194 representantes discursaram - 189 dos 193 Estados-membros da ONU, três observadores (Palestina, Santa Sé e União Europeia), além do secretário-geral, António Guterres, e de Annalena Baerbock.
Apenas 24 mulheres líderes subiram ao púlpito, embora esse número represente um aumento modesto em relação a 2024, de acordo com a ONU.
Guterres realizou 148 reuniões bilaterais e fez 20 discursos na semana de alto nível, enquanto mais de 3.300 jornalistas estiveram em Nova Iorque para cobrir a UNGA80.
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