As sanções, referiu o Departamento do Tesouro em comunicado, visam cerca de 20 empresas e 15 indivíduos que representam "uma ameaça significativa" para o pessoal militar norte-americano sediado no Médio Oriente, bem como para os navios comerciais que transitam em águas internacionais e para os civis.
A decisão enquadra-se na reintrodução de sanções anunciadas pela ONU em setembro para limitar os programas iranianos de armas nucleares, de mísseis e outros.
"O apoio do regime iraniano aos grupos terroristas e o seu programa nuclear contínuo representam uma ameaça à segurança dos Estados Unidos e dos nossos aliados em todo o mundo", afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, citado no comunicado.
"Vamos impedir o Irão de adquirir as armas de que necessita para prosseguir os seus perniciosos objetivos", adiantou.
As sanções visam, nomeadamente, o grupo industrial iraniano Shahid Hemmad, responsável pelo programa de mísseis balísticos da República Islâmica, e o grupo Beh Joule Pars, acusado de adquirir, em nome do complexo militar-industrial do país, equipamento tecnológico avançado cuja venda para o Irão é proibida.
Envolvem o congelamento de ativos detidos direta e indiretamente nos Estados Unidos pelas empresas e indivíduos visados, bem como a proibição de empresas ou cidadãos norte-americanos negociarem com os mesmos.
Esta proibição aplica-se também às empresas estrangeiras que utilizem o dólar nas suas transações comerciais com os alvos das sanções.
Estas novas medidas seguem-se a uma iniciativa semelhante da União Europeia (UE) na segunda-feira, após divergências entre os países ocidentais e Teerão sobre o seu programa nuclear.
Na ausência de acordo com Teerão, o mecanismo de reimposição de sanções, conhecido como "snapback", ativado a 28 de agosto pelo grupo E3 (Alemanha, França e Reino Unido), foi acionado à meia-noite de sábado.
Ficaram assim reativadas as disposições anteriores que tinham sido suspensas com o acordo nuclear de 2015, conhecido pela sigla JCPOA.
As medidas, readotadas por iniciativa de França, Alemanha e Reino Unido, proíbem o Irão de proceder ao enriquecimento de urânio, de ter qualquer atividade relacionada com mísseis, e impõem o embargo a qualquer fornecimento de armamento e autorizam a revista a aviões e navios iranianos em águas internacionais.
Estas sanções juntam-se às impostas desde 2018 pelos Estados Unidos, quando este país, no primeiro mandato do Presidente Donald Trump, abandonou o JCPOA.
O vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros para a Diplomacia Económica, Hamid Ghanbari, afirmou na segunda-feira à noite que a República Islâmica transferiu os ativos financeiros que detinha em bancos da União Europeia para escapar às sanções decretadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas devido ao programa nuclear de Teerão.
"A questão do bloqueio de fundos do Banco Central do Irão não é certa, pois os bancos iranianos sabiam que se ia adotar esta medida. As contas que foram 'congeladas', na verdade, já não tinham ativos", disse Ghanbari na televisão estatal.
O responsável do executivo declarou que as instituições financeiras do Irão atuaram por antecipação, retirando o dinheiro aplicado e somente mantiveram saldos mínimos nas respetivas contas europeias para evitarem o seu encerramento.
O diplomata iraniano recusou assim os rumores de que os bens da república islâmica estivessem bloqueados com reimposição das medidas punitivas em virtude das seis resoluções da ONU, aprovadas entre 2006 e 2010.
Teerão tem qualificado a reintrodução das medidas de punição como "ilegal e injustificada", pedindo aos restantes países para não as acatarem.
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