O Papa Leão XIV criticou, na terça-feira, o tratamento “desumano” dos imigrantes nos Estados Unidos, tendo questionado se as medidas do presidente Donald Trump vão ao encontro da doutrina da Igreja Católica.
“Alguém que diz que é contra o aborto, mas concorda com o tratamento desumano dos imigrantes nos Estados Unidos, não sei se isso é ser pró-vida”, disse o pontífice, em declarações aos jornalistas à porta da sua residência, em Castel Gandolfo.
Leão XIV, que assumiu o cargo em maio, na sequência da morte do Papa Francisco, foi questionado quanto à decisão da arquidiocese de Chicago de conceder um prémio a Dick Durbin, senador democrata de Illinois que apoia o direito ao aborto. Esta decisão motivou críticas por parte de católicos conservadores, incluindo vários bispos norte-americanos, noticiou a agência Reuters.
“É muito importante olhar para o trabalho geral que o senador tem feito. […] Compreendo a dificuldade e as tensões, mas penso que, como eu próprio já disse no passado, é importante olhar para muitas questões que estão relacionadas com o que é o ensinamento da Igreja”, disse.
E exemplificou: “Alguém que diz ser contra o aborto, mas a favor da pena de morte, não é realmente pró-vida.”
Sublinhe-se ainda que, antes de ser Papa, Robert Prevost era crítico da administração de Donald Trump. De facto, em fevereiro passado, partilhou um artigo de opinião que se posicionava contra a política de imigração do vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, defendendo que "Jesus não nos pede para hierarquizar o nosso amor pelos outros".
Com as medidas do presidente dos Estados Unidos para a imigração, entre elas as deportações em massa, o país ficará com menos cerca de 320 mil pessoas nos próximos 10 anos, alertou um relatório do Gabinete Orçamental do Congresso.
O documento daquele órgão apartidário do Congresso também estima, como consequência daquelas medidas, que a população dos Estados Unidos cresça mais lentamente do que o previsto anteriormente.
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