"As nossas empresas estiveram constantemente ocupadas com reuniões, com operadores de turismo, com consumidores finais e todos com perspetivas de negócios e de parcerias. Fiquei surpreendida com todos os interessados a fazerem perguntas muito assertivas, demonstrando que já tinham estudado sobre Portugal, que já estavam a olhar para o nosso país como destino", descreveu à Lusa a administradora do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, Lídia Monteiro.
Pela primeira vez em 29 anos da Feira Internacional de Turismo de Buenos Aires, a maior da América Latina e terceira maior do mundo, Portugal esteve presente. O país apresentou um stand para treze empresas portuguesas de turismo (agências, operadoras e hotéis), além de três regiões do país representadas (Porto/Norte, Alentejo e Centro).
Essa presença foi consequência de Portugal ter sido o convidado de honra para o evento que começou no sábado (27) e terminou na noite desta terça-feira (30), tendo sido também o país que mais despertou o interesse dos argentinos como novo destino.
"Tem havido muito interesse dos argentinos em Portugal. É um destino que consideram da moda. É o destino que mais vai crescer nos próximos anos, segundo os operadores argentinos. E nota-se um interesse muito grande por parte do público final", disse à Lusa o diretor comercial do grupo Vila Galé de hotéis, Pedro Ribeiro.
Apesar de português, o Vila Galé é conhecido pelos argentinos como a maior rede de 'resorts' do Brasil (dos treze hotéis, nove são 'resorts'). Como os argentinos são os principais turistas estrangeiros em terras brasileiras, com mais de dois milhões de turistas por ano, a rede de hotéis já tinha iniciado, há dez anos, um trabalho de captação de turistas argentinos para os seus hotéis no Brasil, ficando associada sempre ao stand brasileiro.
"Estamos a tornar Portugal um mercado prioritário para o argentino. É o primeiro ano em que divulgamos Portugal como destino. Estamos a aproveitar os contactos que já temos do relacionamento com o Brasil para falarmos sobre Portugal", apontou Pedro Ribeiro.
"Nestes quatro dias que aqui estivemos, falámos com cerca de 50 operadores. Metade deles demonstrou interesse em começar a operar Portugal de forma consistente e direta. Achamos que poderemos fechar 25 acordos. Vemos potencial de crescimento forte aqui no mercado argentino, sem dúvidas", acredita Pedro Ribeiro.
Pelos próximos anos, o Vila Galé calcula ficar com 5% dos argentinos que viajarem a Portugal.
"Se tivermos um 'share' de mercado à volta de 5% dos argentinos que vão a Portugal, poderemos considerar-nos satisfeitos. Quando Portugal chegar aos 200 mil turistas argentinos, se tivermos 10 mil por ano, será um número bastante interessante para nós", prevê.
No ano passado, sem praticamente nenhuma informação de Portugal nem divulgação na Argentina, cerca de 75 mil argentinos visitaram o país. O número ultrapassar os 100 mil até 2026. E, segundo as autoridades do Turismo de Portugal presentes na FIT2025, a meta é chegar aos 200 mil em 2029 e a um milhão em 2035, números que podem ser antecipados se a TAP estabelecer um voo direto Lisboa-Buenos Aires, objetivo de todos os agentes turísticos envolvidos.
Helder Pimentel é gerente de vendas da Quasar, um operador de turismo em Portugal com foco no turista mais exclusivo. Na mala de volta a Lisboa, leva seis potenciais contratos com operadores e agências de viagens argentinas.
"Durante estes quatro dias, consegui ter 30 reuniões com operadores e agências de todo o país. Estou bastante confiante de que cerca de 20% desses contactos tornem-se negócios. São grupos que realmente querem criar itinerários em Portugal. É um bom número para um começo. É uma boa forma de estabelecer uma ligação entre o turista argentino e o destino final que é Portugal", confia.
Como nunca antes Portugal esteve presente na Argentina, qualquer crescimento é positivo. Mesmo assim, o balanço superou as expectativas.
"Portugal já começa a ser muito bem conhecido aqui. Já deixou de ser só aquele apêndice de Espanha. Já é conhecido como um produto individualizado. É isso que queremos trabalhar mais para separar Portugal de Espanha. O país tem potencial para ser um produto próprio, que deve ser muito bem comercializado. E vamos trabalhar bem sobre essa ideia", conclui Pimentel, projetando atrair para a Quasar 5% de todos os turistas argentinos em Portugal.
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