A pouca queda de neve no inverno passado e as ondas de calor do verão, em junho e agosto, provocaram uma perda de 3% do volume de gelo de acordo com as medições feitas em cerca de vinte glaciares, extrapolando-se os dados para as cerca de 1.400 formações geológicas do género daquele país alpino.
"Desde há cerca de 20 anos, os glaciares suíços estão a perder gelo e o ritmo (...) está a acelerar. (...) Onde estivemos, o glaciar perdeu 100 metros ou até mais. É impressionante!", lamentou o diretor da Glamos, Matthias Huss, em declarações à agência noticiosa francesa AFP, referindo-se à região do Ródano.
Segundo os especialistas, os glaciares suíços perderam 24% do seu volume desde 2015, face a perdas de 17% entre 2010 e 2020, de 14% entre 2000 e 2010 e de 10% entre 1990 e 2000.
Junto à cidade de Gletsch, a reportagem da AFP relatou o espanto de um turista argentino, Wincho Ponte, de 29 anos: "não sabíamos que havia aqui um glaciar. Vimos a cascata lá de baixo e, então, subimos para ver. É realmente muito triste que esteja a derreter tão rapidamente".
Na Suíça, o aquecimento global faz-se sentir duas vezes mais drasticamente do que em relação à média mundial, já que há cerca de 50 picos montanhosos com mais de quatro mil metros de altitude, segundo o diretor do serviço mundial de monitorização dos glaciares (WGMS, na sigla inglesa), Michael Zemp.
Ainda segundo Huss, caso as emissões de dióxido de carbono (CO2) se mantenham nos níveis atuais, quase todos os glaciares helvéticos - mais de metade do sistema montanhoso dos Alpes - vão derreter até ao final do século.
"Isto destabiliza as montanhas e pode provocar deslizamentos e avalanchas como aconteceu na vila em Blaten em maio", avisou Huss.
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